Eleições gerais dos EUA ocorrem com compra de votos, supressão do direito de voto e perseguição a candidaturas de esquerda.
Redação
INTERNACIONAL – Num dos processos mais antidemocráticos do planeta, o fascista bilionário Donald Trump (Partido Republicano) ganhou a Presidência da principal potência imperialista do mundo pela segunda vez. Numa combinação de resultados, o candidato fascista conseguiu mais delegados eleitorais que a candidata imperialista de direita Kamala Harris, do Partido Democrata.
Nos Estados Unidos, as pessoas votam para presidente, mas nem sempre a maioria dos votos elege o chefe de Estado. O que elege é um colégio eleitoral, criado no século 18, de 534 delegados divididos pelos estados. Quem ganhar mais delegados, leva a eleição, não importando quantos votos diretos tenha.
Lá várias práticas de perseguição política e fraudes são legalizadas. Nos EUA, a compra de votos não é criminalizada. Exemplo disso foi o bilionário Elon Musk, aliado de Trump, que distribuiu cheques a eleitores da Pensilvânia em troca de votos. Trump conseguiu vencer no estado, fundamental para garantir sua eleição.
Candidaturas de esquerda perseguidas por Democratas e Republicanos
Os dois partidos de direita que dominam a política dos EUA há 150 anos também usam de perseguição política para impedir o avanço de um partido de oposição de esquerda. Nos EUA, as eleições são controladas pelos estados e, em vários deles, alguns candidatos a presidente simplesmente são excluídos das cédulas eleitorais.
Este foi o caso das candidaturas de esquerda social-democratas de Jill Stein, do Partido Verde, e de Claudia De La Cruz, do Partido Socialismo e Libertação. As duas candidatas tiveram seu direito de concorrer em vários estados cassados, como a Pensilvânia e a Geórgia.
As candidatas foram excluídas de todos os debates eleitorais e a mídia burguesa estadunidense realizou um boicote às suas candidaturas.
A principal pauta das duas candidaturas foi a denúncia do genocídio palestino, o que levou a candidata do Partido Verde a liderar, inclusive, entre eleitores muçulmanos em alguns estados.
O jornalista Jamil Chade publicou no portal UOL a visão de alguns brasileiros naturalizados norte-americanos que votaram nessas candidaturas.
Segundo Miguel Silveira, que nasceu no Rio de Janeiro, “o capital bilionário impede que milhões de norte-americanos tenham a possibilidade de votar em candidatas que representem suas posições políticas, seus desejos de felicidade e visões de mundo. É praticamente impossível para qualquer partido emplacar uma candidatura presidencial fora do eixo Democrata-Republicano. Qualquer discussão sobre democracia nos Estados Unidos é pura hipocrisia se não inclui essa crítica”.
Já Natália de Campos, de 51 anos, disse que votou em Claudia De La Cruz porque “milhões de pessoas passam fome nos Estados Unidos ou sofrem com dívidas, e morrem sem políticas de saúde pública universal na maioria dos estados. Isso tudo enquanto trilhões de dólares são enviados em armamentos à Ucrânia, Israel, e diversos outros países – e agora mantêm uma politica de hostilidade contínua contra a Rússia e a China, o que nos faz caminhar para uma possível terceira guerra mundial”.
Veja as entrevistas completas com esses brasileiros no portal UOL neste link.
Democratas derrotados por patrocinarem as guerras imperialistas
Como era de se esperar, a eleição de 2020 não significou nenhuma mudança real para os trabalhadores dos EUA e os povos do mundo. O governo Biden implementou uma política de favorecer os grandes monopólios capitalistas e a indústria de armas estadunidense.
Durante sua presidência, fez todo o esforço de alimentar as guerras imperialistas na Ucrânia e na Palestina. O caso palestino é ainda mais grave: a gestão Biden destinou mais de 20 bilhões de dólares neste ano para financiar as armas usadas por Israel para cometer o genocídio da população de Gaza.
A eleição de Biden, em 2020, se deu por conta do rechaço do povo dos EUA à política fascista e racista de Trump. O então presidente fascista não foi derrotado pelos Democratas, mas pelas mobilizações de milhões de pessoas em decorrência do brutal assassinato do trabalhador negro George Floyd por policiais brancos, em Minnesota.
No entanto, o presidente imperialista nada fez para enfrentar a estrutura racista dos EUA e continuou o apoio irrestrito a um genocídio e apartheid do outro lado do mundo.
Resultado desta política: a democrata Kamala Harris a teve cerca de 14 milhões de votos a menos nestas eleições, votos que hoje dariam uma nova vitória ao partido dela.
Bilionários controlam eleições
A falta de igualdade no processo eleitoral estadunidense fica ainda mais marcada pela intervenção direta dos bilionários nas candidaturas. O caso de Elon Musk com Donald Trump é só o exemplo mais evidente. Mas bilionários são os principais financiadores tanto de Democratas quanto de Republicanos.
A cada eleição, eles usam esse dinheiro para comprar os votos de deputados, senadores, governadores e dos presidentes eleitos. Nos EUA, é permitido que lobistas e bilionários comprem votos de legisladores para aprovar leis de seu interesse.
Segundo a Associated Press, estas foram as eleições mais caras da história daquele país. Democratas e Republicanos gastaram cerca de 16 bilhões de dólares (92 bilhões de reais) entre as campanhas presidenciais e para o Congresso. Para se ter uma ideia, esta é uma fortuna que é maior que o orçamento do SUS no Brasil.
Esse nível de dinheiro na campanha é a principal coluna que mantém o sistema bipartidário de direita e extrema-direita no poder daquele país há tanto tempo.
Fraudes nas eleições para Câmara e Senado
O partido do fascista Trump também saiu vitorioso nas eleições parlamentares. Nesta eleição, o processo é ainda mais antidemocrático. Os partidos de esquerda e sociais-democratas têm vários entraves para registrarem suas candidaturas. Em vários estados é comum a prática de gerrymandering.
Gerrymandering é um termo em inglês sem tradução para nosso idioma, que representa o processo de fraude nos desenhos dos distritos eleitorais. Os EUA são divididos em centenas de distritos eleitorais que definem a eleição para deputados e senadores.
Nos estados Republicanos, principalmente no Sul, é comum os governadores e parlamentares mudarem as regras de divisão dos distritos para evitar que a população negra ou latina tenha condições de eleger mais parlamentares. Em outros estados esta prática é comum para diminuir a influência dos votos de operários e trabalhadores fabris nas eleições.
Para piorar, cada estado tem uma regra, em vários sequer é exigido um documento de identidade para votar. Em outros não existe voto secreto e qualquer pessoa pode saber em quem você votou, é o que ocorre no caso da votação pelo correio.
Hipocrisia imperialista dos EUA
Todo esse sistema eleitoral é uma demonstração inequívoca da grande hipocrisia estadunidense. Enquanto dizem defender a “democracia e a liberdade”, os partidos burgueses estadunidenses perseguem partidos de esquerda dentro do seu próprio país e atacam o direito de voto da população.
Dizem que países como a Venezuela (onde o voto é eletrônico e auditável) não têm democracia, mas promovem um sistema sem qualquer tipo de controle e onde se é permitido comprar votos.
Que democracia é essa em que bilionários podem colocar fortunas inteiras em alguns candidatos e depois podem “cobrar o favor” aprovando leis do interesses dos grandes monopólios daquele país?
Essa é a realidade na chamada “democracia mais importante do mundo”. Não passa de uma farsa imperialista para atender ao interesse dos grandes monopólios estadunidenses e impedir a formação de partidos socialistas ou de esquerda no seio do povo.
Como afirmou Lênin, em 1912, por ocasião das eleições presidenciais dos EUA daquele ano: “Este chamado ‘sistema de dois partidos’, que reinou na América e na Inglaterra, foi um dos meios mais poderosos para impedir a formação de um partido operário independente, isto é, realmente socialista”.