Na cidade de Camaragibe (PE), um sargento da PM de Pernambuco assassinou Thiago Fernandes Bezerra, motorista de aplicativo de 23 anos, para não pagar uma corrida de 7 reais. Barbaridade da ação escancara que o policial militar não temia ser punido
Clóvis Maia | Redação PE
O mês de dezembro começou com violência em Camaragibe, cidade na região metropolitana do Recife. No último domingo (01/12), um sargento da Polícia Militar de Pernambuco, que não teve seu nome divulgado, assassinou o motorista de aplicativo Thiago Fernandes Bezerra, de 23 anos. Após ser cobrado por uma corrida que havia custado R$7,00, o PM negou-se a pagar o valor, atirando no jovem trabalhador em seguida.
Na segunda-feira (02/12), após motoristas de aplicativo realizarem um enorme protesto no município exigindo justiça, a Polícia Militar finalmente emitiu uma nota informando que vai abrir um processo administrativo para apurar o caso. Na sequência da onda de protestos, o PM envolvido teve sua prisão preventiva decretada.
Não fosse a indignação dos trabalhadores de aplicativo, dos familiares do Thiago Fernandes e da população, esse seria mais um caso esquecido, já que a própria imprensa tradicional procura fazer sensacionalismo, ora colocando a culpa apenas no policial que efetuou os disparos, ora tratando o caso como um fato isolado, sem se aprofundar nos motivos: uma política de violência e de desvalorização da vida.
Banalização da violência
Como apontam dados do Instituto Fogo Cruzado, a região metropolitana do Recife é um dos locais mais violentos do país. Em outubro desse ano, a entidade divulgou um relatório apontando que, só no mês de setembro, 120 tiroteios haviam ocorrido na capital do estado. Outras cidades, como Jaboatão dos Guararapes, São Lourenço da Mata, Olinda e Cabo de Santo Agostinho também se destacaram de forma negativa na pesquisa, registrando tiroteios seguidos de morte.
A banalização da vida dentro do sistema capitalista chegou a tal ponto que, como demonstrou o caso em Camaragibe, apenas R$7,00 já se tornam motivo para um policial militar tirar a vida de um jovem. Mesmo assim, notas protocolares emitidas pelas autoridades tentam minimizar o ocorrido. Nenhuma cita o fato de que a política do governo federal de Jair Bolsonaro de difusão e facilitação da compra e do uso de armas de fogo incidiu sobre os índices de violência. Simultaneamente, o fortalecimento da PM em Pernambuco é algo que tem sido priorizado pela atual gestão de Raquel Lira (PSDB), como demonstram outros casos desde o início de seu governo.
Impunidade da PM
Em 2023, também em Camaragibe, policiais militares realizaram uma chacina no município, matando seis pessoas de uma mesma família. Dois anos antes, em um ato pelo Fora Bolsonaro, dois homens foram cegados pela repressão violenta e arbitrária da PM aos manifestantes em pleno centro do Recife. Os dois homens sequer estavam participando da manifestação. Em ambos os casos, a mídia tentou individualizar a responsabilidade dos crimes e, de um modo sensacionalista, explorar o fato sem se aprofundar num problema estrutural da sociedade brasileira: a certeza da impunidade por parte dos militares.
Essa impunidade dialoga com esses fatos recentes, mas também vai de encontro aos questionamentos mais amplos sobre a violência policial e à luta pelo fim da Polícia Militar e pela reestruturação da segurança pública no Brasil, para que não continuemos a ver agentes públicos impunes após cometerem crimes. A vida de um jovem trabalhador ceifada, de um modo banal, não pode ser vista como mais uma nota de rodapé no noticiário, nem tampouco passar despercebida.
Vivo em Olinda, e o descaso do Governo do Estado sobre nós, os trabalhadores, é desgastante. Desde o governo Bolsonaro a situação que já era ruim aqui em Pernambuco, ficou pior, quantidade de pessoas mortas ou feridas pela Polícia Militar ficou insanamente maior. Em necessidade de uma revolução!