O Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco junto ao Centro Cultural Manoel Lisboa e entidades estudantis realizaram um cine debate com o filme Zé, que conta a história do líder estudantil José Carlos da Mata Machado, assassinado sob tortura pela ditadura militar em 1973.
Jesse Lisboa | Redação Pernambuco
CULTURA – Na sexta-feira, 17 de janeiro, o Comitê Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco promoveu um cine debate no Centro Cultural Manoel Lisboa, em Recife. O evento contou com a exibição do filme Zé (2023), dirigido por Rafael Conde, que narra a história do líder estudantil José Carlos da Mata Machado. Morto sob tortura pela ditadura militar em 1973, Zé Machado tornou-se um símbolo da luta pela democracia e do movimento estudantil no Brasil.
A obra é resultado de uma pesquisa iniciada por Samarone Lima em seu trabalho de conclusão de curso em jornalismo, que culminou no livro sobre a vida de José Carlos da Mata Machado. O filme resgata a trajetória de José Carlos, filho de um professor universitário, jovem de classe média e militante da Ação Popular Marxista Leninista (APML). Ele se destacou pela coragem para enfrentar o regime militar, vivendo a maior parte de sua vida adulta na clandestinidade. A narrativa apresenta aspectos pessoais e políticos do líder estudantil, revelando o impacto de sua militância nos que o cercavam.
Após a exibição, o debate foi conduzido por Edival Nunes Cajá, presidente do Centro Cultural Manoel Lisboa, Amparo Araújo, do Comitê Memória, Verdade e Justiça, e o professor Carlos Macdowell. Entre os pontos discutidos, destacou-se o destino daqueles que conviveram com Zé, como seus pais e sua esposa, Madalena, que também viveu sob a vigilância e perseguição do regime
Durante o debate, Augusto Costa, militante da UJR, comentou sobre algumas questões locais da cidade do Recife, exemplificando que “é um absurdo que entre as duas maiores universidades de Recife (UFPE e UFRPE) exista um busto em homenagem ao fascista Castello Branco, um dos responsáveis por iniciar um dos períodos mais nefastos da história brasileira. É uma necessidade nos organizarmos, em cada universidade, em cada escola, em cada sindicato, em cada bairro e jogar de vez cada um desses facínoras para a lata de lixo da história. Não mais permitiremos que haja uma escola ou rua que carregue o nome daqueles que perseguiram, sequestraram, torturaram e assassinaram os melhores filhos do povo brasileiro.”
“Carregamos o legado de Rubens Paiva, de Zé, de Manoel Lisboa de Moura, que mesmo sob terríveis torturas por cerca de 19 dias, não deu uma informação sequer ao seus algozes, carregamos a honra de levar a frente a luta daqueles mártires que lutaram por uma sociedade mais justa, sem exploração, sem miséria, sem fome.”, complementa.