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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

EUA oferecem R$150 milhões pela prisão de Maduro

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Medida agressiva contra o presidente reeleito de um país soberano demonstra o quão longe o imperialismo estadunidense está disposto a ir para derrubar as conquistas do povo venezuelano com a Revolução Bolivariana. Apesar das ações de desestabilização, Nicolás Maduro foi empossado normalmente na última sexta-feira (10/1)

Wildally Souza | São Paulo (SP)


O presidente estadunidense Joe Biden anunciou, nesta sexta-feira (10/1), um aumento na recompensa por informações que levem à prisão do presidente empossado da Venezuela, Nicolás Maduro, e de seu ministro do Interior, Diosdado Cabello. Os valores subiram de US$15 milhões para US$25 milhões, que equivalem a R$152 milhões em moeda brasileira. Além disso, uma recompensa de US$15 milhões (R$91,4 milhões) também foi oferecida por informações sobre o ministro da Defesa, Vladimir Padrino.

Sanções sobre oito dirigentes venezuelanos e restrições de visto para “pessoas ligadas a Maduro” também foram impostas pelo governo imperialista norte-americano. Entre os sancionados estão Héctor Andrés Obregón, presidente da empresa pública de petróleo PDVSA, e Ramón Celestino Velásquez, que é ministro dos Transportes e presidente da companhia aérea estatal Conviasa.

Além dos Estados Unidos, países como Canadá, Reino Unido e toda a União Europeia, que possuem forte interesse econômico no controle dos recursos naturais dos países da América Latina, também não reconheceram a vitória de Maduro nas recentes eleições e sancionaram Caracas em uma tentativa de aumentar a pressão internacional e apoiar a tentativa de golpe de Estado fomentada pela oposição burguesa.

Golpistas não reconhecem eleição

Desde a última eleição presidencial na Venezuela, realizada em 28 de julho do ano passado, o imperialismo norte-americano e a União Europeia tem tentado perpetrar um golpe no país com o objetivo de retomar o controle do petróleo, dos recursos naturais, da economia e da política venezuelana.

Para isso, desde 2014, essas potências têm usado como seus peões e capachos a fascista Maria Corina Machado, Edmundo González Urrutia, Leopoldo López e outros líderes de extrema-direita para iniciar uma série de manifestações, apoiadas e financiadas pelos Estados Unidos, criar as condições para um golpe no país e semear dúvidas na população sobre a validade das eleições. Criaram até mesmo a figura de um suposto presidente interino para evitar o juramento e a posse do governo eleito de Nicolás Maduro. Fracassaram parcialmente pois Maduro fez seu juramento na tarde desta sexta-feira e, apoiado por uma multidão de trabalhadores anti-golpistas, tomou posse para exercer seu novo mandato de 2025 a 2031.

Está cada vez mais claro que o discurso fantasioso do bloco EUA-UE-OTAN que domina os fascistas venezuelanos é uma fachada para atentarem contra a soberania do povo daquele país e executarem de forma intensiva as políticas que causam a precarização das condições de sobrevida da classe trabalhadora no mundo. Recorrem à manipulação e ao engano do povo para afastá-los da Revolução Bolivariana e impor cada vez mais medidas que avancem a fome, o desemprego, a falta de moradia e a extrema pobreza.

Não foi diferente com o Brasil, quando em 8 de janeiro de 2023, movidos pelos discursos e os planos golpistas de Bolsonaro e demais generais fascistas, centenas de terroristas invadiram prédios governamentais, atearam fogo e tentaram matar o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Povo venezuelano contra o golpe imperialista

A Revolução Bolivariana é marcada pela forte participação popular na luta revolucionária e antifascista. Foto: Marcelo Garcia/Palacio Miraflores
A Revolução Bolivariana é marcada pela forte participação popular na luta revolucionária e antifascista. Foto: Marcelo Garcia/Palacio Miraflores

Apesar de manter a propriedade privada dos meios de produção e buscar uma relação subordinada da Venezuela com outras potências como Rússia e China, Maduro têm instituído relativos avanços para os trabalhadores e o povo pobre no país. Sua gestão tem dado continuidade ao controle social e à luta ideológica nas Forças Armadas que vêm desde o governo de Hugo Chávez e elevado o apoio aos movimentos sociais que lutam contra o fascismo nacional e internacional.

Reconhecendo esses feitos e tendo a consciência de que a solução para os problemas da Venezuela não é um golpe imperialista, vários setores populares — milhares de trabalhadores, operários e jovens — têm tomado as ruas do país, principalmente em Caracas, para defender sua soberania e lutar contra o golpe. Há relatos de bairros inteiros que pararam para acompanhar a posse de Maduro e os movimentos sociais já convocaram mobilizações para os próximos dias a fim de impedir qualquer tentativa de invasão e atos terroristas por parte dos fascistas e dos Estados Unidos. Maduro também convocou as tropas do Exército para proteger as fronteiras com países vizinhos.

Em nota, o Partido Comunista Marxista Leninista de Venezuela (PCMLV) declarou na sexta-feira que “o imperialismo trava hoje uma intensa e agressiva campanha de divisão do mundo, os ataques de alguns dos seus setores contra a Venezuela foram e serão determinados por este fenômeno, que procura como parte dos seus objetivos a apropriação de recursos como o petróleo, elemento vital poder desenvolver campanhas de guerra em diversas partes do mundo”.

A organização revolucionária também salientou que “os trabalhadores e o povo com uma visão revolucionária, anti-imperialista e antifascista devem aproveitar o momento para continuar a acumular vitórias e forças, o que passa por travar e derrotar neste momento a agenda violenta da oposição liderada pela extrema direita no país […], superando e rejeitando as vacilações da pequena burguesia e as suas ilusões do perecimento das contradições de classe”.

Logo após as eleições na Venezuela e o desenvolvimento de um possível golpe, em 3 de agosto, a Unidade Popular pelo Socialismo (UP) também se solidarizou com a situação do povo venezuelano. Através de comunicado oficial, a UP reforçou que “neste momento, o que o povo venezuelano precisa é da nossa solidariedade contra o movimento golpista em curso. […] Não se trata, portanto, de defender irrestritamente o governo Nicolás Maduro, mas de defender que a soberania e a Constituição daquele país-irmão sejam respeitadas e que o poder do seu povo prevaleça, sem agressões imperialistas e intromissões colonialistas”.

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