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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Estudantes da USP protestam contra interdição da Sala Lilás Janaína Bezerra Vive

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A Sala Lilás Janaína Bezerra Vive, espaço criado para acolher mulheres em situação de violência na universidade, sofreu interdição de forma arbitrária pela Guarda Universitária e a diretoria da Escola Politécnica da USP.

Movimento de Mulheres Olga Benario


Na manhã desta segunda-feira (17/02), a Sala Lilás Janaína Bezerra Vive, espaço de acolhimento de mulheres vítimas de violência, foi interditada pela Guarda Universitária da Universidade de São Paulo (USP). Localizada no Campus Butantã, esta ocupação do Movimento de Mulheres Olga Benario foi criada para denunciar a falta de políticas efetivas da reitoria para enfrentar o crescente problema da violência de gênero na USP.

A Sala Lilás vinha sofrendo com uma série de notificações extrajudiciais por parte da Diretoria da Escola Politécnica e uma ameaça de despejo para o dia 13 de fevereiro.

Atualmente, a USP possui medidas insuficientes de acolhimento às vítimas de violência de gênero. Há casos de recusa quando chamada a tomar medidas legais cabíveis a estupradores de alunas da universidade, mesmo que elas possuam medidas protetivas contra esses criminosos.

A ocupação reivindica um espaço físico de acolhimento de pessoas que foram vítimas de violência de gênero na USP e um novo protocolo de denúncias elaborado em conjunto com as estudantes.

A partir das notificações, o Movimento de Mulheres Olga Benario compareceu a uma reunião com a Diretoria da Escola Politécnica, que inicialmente tinha se mostrado aberta à uma negociação. Contudo, em uma segunda reunião com a Diretoria e a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (PRIP), representantes do órgão compararam  ocupação com a violência de um crime de estupro.

Após a interdição da Sala Lilás, houve uma terceira reunião. Em tentativa de intimidar as militantes, a PRIP e a Reitoria foram racistas com uma delas e  chamaram o Movimento de Mulheres Olga Benario de misógino.

Não é a primeira vez que ridicularizam o movimento: nas notificações extra judiciais recebidas  nos intitularam de “Coletivo preocupado com a segurança das mulheres do campus.”

A violência sexual é uma realidade da USP e de diversas universidades em todo o país. “Já recebíamos várias denúncias e pedidos de ajuda das estudantes da USP antes de construir a sala Lilás. Por isso, levamos à direção da Universidade a demanda de um centro de referência para acolher as estudantes e trabalhadoras “, afirma Naomi Asato, do Diretório Central dos Estudantes (DCE). Ela acrescenta: “A USP ignora essa violência! As medidas protetivas das estudantes contra os estudantes não são respeitadas! E mesmo com R$8,6 bilhões em caixa, a USP não destina orçamento para a contratação de uma equipe técnica especializada”.

Diante da interdição do espaço, os estudantes da USP realizaram um ato que contou com a presença de diversos centros e diretórios acadêmicos na própria segunda-feira (17/2).

Diversas entidades estudantis demonstraram sua indignação com essa medida reacionária de interdição do espaço. Entre as que participaram do ato em protesto à ação, estiveram: Centro Moraes Rego (CMR), de Engenharia de Minas, Materiais, Petróleo, Metalúrgica e Nuclear; Centro Acadêmico Visconde de Cariu (CAVC), da Faculdade de Economia, Administracão e Atuária; Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários – Suely Yumiko Kanayama (CAELL), da Letras; Centro Universitário de Pesquisa e Estudo Social – Ísis Dias de Oliveira (CeUPES), da Ciências Sociais; Centro Acadêmico do Instituto de Física (CEFISMA); Centro Acadêmico Guimarães Rosa (GUIMA), de Relações Internacionais; Centro Acadêmico de Farmácia e Bioquímica (CAFB); Centro Acadêmico Professor Paulo Freire (CAPPF), da Faculdade de Educação; Levante Indígena; Centro Acadêmico Lupe Cotrim (CALC), da Escola de Comunicação de Artes; Grêmio Politécnico, da Escola de Engenharia Politécnica; além da Associação de Moradores do CRUSP (AMORCRUSP) e do DCE Livre da USP.

Entidades participam de ato em defesa da Sala Lilás (Foto: Guilherme Farpa)
Quem foi Janaína Bezerra?

Janaína Bezerra era uma caloura de Jornalismo da Universidade Federal do Piauí (UFPI) que foi vítima de estupro seguido de feminicídio. Somente dois anos após o assassinato, dois dias após a ocupação ter se tornado pública, é que o feminicida de Janaína foi expulso da UFPI, no que os movimentos de mulheres definem como uma vitória da luta de todas as estudantes por memória, verdade e justiça.

Ao reprimir a Sala Janaína Bezerra Vive, o Movimento de Mulheres Olga Benario denuncia que a Universidade de São Paulo agiu de forma misógina e violenta, coerente com o seu histórico de se recusar a tomar ações efetivas e medidas legais contra estupradores nos campi

Estudantes protestam contra interdição da Sala Lilás (Foto: Francisca Silva)

Nesse cenário, o Movimento de Mulheres Olga Benario afirma: “Nós somos mulheres, estudantes e iremos seguir mobilizadas na defesa de nossas vidas. Janaína Presente!”

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