Professores contratados e estagiários lutam contra o atraso de pagamento e falta de condições de trabalho em Petrópolis-RJ.
Christian Nunes | Petrópolis – RJ
TRABALHADOR UNIDO – Desde o fim do ano passado, centenas de professores e profissionais da educação lutam contra atrasos salariais e corte de direitos patrocinado pela Prefeitura de Petrópolis, na Região Serrana do RJ. Professores temporários, estagiários e de categorias precarizadas convivem com o parcelamento do pagamento ou simplesmente o calote do município.
Esta realidade tem piorado numa das cidades mais ricas do interior do Rio. Isto porque o atual prefeito segue a mesma cartilha do anterior e se recusa a chamar os aprovados no último concurso e a realizar novos. Ao contrário disso, tem imposto uma política de precarização da força de trabalho da educação pública municipal.
Luta pelo salário
No dia 19 de maio, mais uma vez se repetia a mesma história que se arrasta há anos, os estagiários e professores não concursados das escolas da prefeitura de Petrópolis estavam com seus salários atrasados mais uma vez e decidiram partir para a luta.
Vários professores compareceram e grande parte aderiu a paralisação e não compareceu ao trabalho nas escolas. O Movimento Luta de Classes e a Unidade Popular se somaram a esta luta.
Dentre as reivindicações, estão a demanda de pagar os salários em dia e a criação de um contrato que estabeleça regras para a jornada e o pagamento do salário.
Até agora, a prefeitura e a Câmara de Petrópolis deram poucas respostas sobre as demandas da categoria, mas cederam à pressão da luta e pagaram os salários referentes à abril. Ainda assim nenhuma resposta foi dada com relação às reivindicações, dentre elas, a necessidade de um Vale-transporte, a remuneração das horas de planejamento das aulas, ausência de um contrato e a falta de uma data de pagamento.
De forma muito injusta, algumas direções das escolas estão fazendo perseguição contra os trabalhadores que aderiram à paralisação. Inclusive, grande parte dos trabalhadores tem medo de aderir e ter seus salários descontados por falta, receberem represálias ou serem demitidos.
Enquanto isso, o prefeito Hingo Hammes (PP) no final do último ano, em uma manobra articulada com a Câmara, aprovou o aumento de 70% do seu salário e dos seus secretários. Aparentemente, o dinheiro só falta quando não é para encher o bolso dele, caso contrário, não hesita em arrancar mais dinheiro dos trabalhadores que buscam viver digna e honestamente.
Somado a essa situação, o Diário de Petrópolis, mídia burguesa local da cidade, publicou uma matéria sobre a paralisação nas redes, mas aparentemente “mudaram de ideia” e retiraram a matéria do ar, numa tentativa de calar a voz dos estagiários e trabalhadores da educação, demonstrando ser uma mídia que tem o rabo preso com os interesses políticos do prefeito.
Entretanto, esta situação de incerteza não desanima os trabalhadores dessa categoria tão precária que possuem uma instabilidade tão grande junto aos RPAs (contratados por demanda da prefeitura), sendo que podem ser mandados embora a qualquer momento. Todos sabem que sem salário em dia não dá pra viver, e quando não há opção, só a luta organizada, com a união de todos, pode melhorar suas condições de vida. Novas paralisações e atos estão sendo organizados para o próximo período, enquanto a prefeitura e a Câmara Municipal se mantiverem omissas.