Direção imobilista (PCdoB e PT) tentou impedir entrada de estudantes de oposição na plenária final do Congresso da UNE, em Goiânia (GO), enquanto dava lugar privilegiado a organização fascista.
Alexandre Ferreira e Guilherme Goya | Goiânia
O 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (CONUNE), que reúne mais de 10 mil estudantes de todo o país em Goiânia (GO), desde a última quarta-feira, caminha para a sua reta final, com o fim de semana reservado para as defesas de posições políticas e de luta para a próxima gestão da entidade. As delegações da oposição demonstraram um grande crescimento, que foi constatado nos primeiros dias de congresso. Com destaque ao Movimento Correnteza, que trouxe ao evento uma delegação de mais de 1200 estudantes, composto pelos principais Diretórios Centrais dos Estudantes (DCE) que organizam a luta no país.
Contudo, esses milhares de delegados foram impedidos de ingressar na plenária final, realizada na Arena Goiânia. A atual diretoria, dirigida por juventudes ligadas ao PCdoB e ao PT nas últimas décadas, tentou impedir e atrapalhar a participação da oposição no quarto dia de congresso.
Demonstrando uma posição antidemocrática e autoritária, com o objetivo de calar a voz da oposição, que iria criticar o imobilismo da atual gestão e propor uma greve geral nas universidades contra o corte dos investimentos na educação promovidos pelo governo federal.
Segundo a candidata à presidente pela chapa da oposição, Thais Rachel, estudante de ciências contábeis pela UFRJ, a decisão foi de seguir do lado de fora do ginásio, já que toda a delegação estaria com a segurança em risco, até que a segurança da bancada fosse garantida e a entrada assegurada.
“A oposição está sendo impedida de participar da plenária final do congresso. O espaço dedicado para os estudantes que vieram com a gente não comporta toda nossa bancada e geraria risco à segurança dos mais de 14 mil estudantes presentes. Não vamos colocar nossa delegação em risco, muito menos no momento em que nós perdemos três companheiros (Welfesom, Ana e Leandro) num acidente a caminho daqui. Não vamos colocar nossos companheiros e companheiras em risco. Seguiremos nossa participação no congresso do lado de fora até que nossa segurança seja garantida”, disse Thais Rachel.
Fascistas com lugar privilegiado
Enquanto isso, a organização de extrema-direita UJL teve o seu lugar privilegiado ao lado palco, cercada de seguranças da organização do congresso para defendê-los. No dia anterior, esse grupo foi escrachado pelos estudantes, que defenderam o legado de luta da União Nacional dos Estudantes contra o fascismo. Vale lembrar que a entidade teve a sua sede incendiada e foi colocada na ilegalidade durante o período da Ditadura Militar.
Durante a plenária final os estudantes de oposição organizam uma plenária no lado de fora do Ginásio, repudiando esta postura. “Se eles pensam que esta atitude vão nos intimidar, eles se enganam, a UNE tem um história de luta e resistência, e nós estamos aqui para honrar essa história” afirma Thais Rachel.

Entrada é garantida após pressão
A grande pressão feita pelos estudantes forçou a direção imobilista da UNE a ceder, reconhecendo que não é possível realizar o Congresso da entidade sem as forças da oposição. Com isso, foi realizada uma retratação pública no palco do congresso, dizendo que houve erro na organização do plenário, ao não garantir espaço para toda a bancada da oposição.
Assim, a direção imobilista da UNE garantiu o compromisso de que no domingo (20), dia em que se encerra o evento, a disposição das bancadas será alterada, de maneira que caiba todas as delegações da oposição. Com isso, os estudantes entraram na Arena Goiânia e continuaram a denúncia da falta de democracia na entidade no lado de dentro.