Governo de Israel, com apoio dos EUA, conduz guerra contra os povos do Oriente Médio enquanto realiza um genocídio na Faixa de Gaza. Povo palestino resiste contra o extermínio nazi-sionista.
Felipe Annunziata e Rafael Freire | Redação
INTERNACIONAL – São mais de 620 dias de genocídio do povo palestino na Faixa de Gaza. Apesar disto, os governos capitalistas e imperialistas do mundo assistem calados ou mesmo apoiam o extermínio de crianças, mulheres, idosos, enfim, de famílias inteiras.
A “nova tática” do governo neonazista de Israel é oferecer “ajuda humanitária” aos palestinos em centros controlados por uma empresa privada estadunidense disfarçada sob o nome de Fundação Humanitária de Gaza (GHF), enquanto abrem fogo indiscriminadamente contra a população faminta e mutilada física e emocionalmente.
Em apenas um dia, 11 de junho, os mercenários de Donald Trump e Benjamin Netanyahu assassinaram 80 palestinos em Gaza, sendo 57 mortos enquanto buscavam comida. Nesses “centros de distribuição”, os palestinos são tratados da mesma forma como os judeus eram tratados pelos nazistas nos campos de extermínio da Europa na 2ª Guerra Mundial.
“Não quero que meu pai morra, não quero que ele se vá! Acabou! Não haverá mais um sorriso! Papai foi buscar algo para comermos e estava levando mais pessoas para buscar comida. Estamos famintos há três meses”, falou numa rede digital a filha de Khaled al-Daghma, assassinado na fila da fome. “A comida virou uma oportunidade para matar. Nunca ouvi falar de tal coisa”, afirmou em entrevista à rede Al Jazeera o ex-chefe de ajuda humanitária da ONU, Martin Griffiths.
Israel segue com bombardeios a casas com famílias inteiras dentro e o bloqueio total da entrada de comida e água, que começou em março. Já são mais de 60 mil mortos, 140 mil feridos e dezenas de milhares de desaparecidos. Toda população da Faixa de Gaza se encontra abaixo da linha da miséria, em situação de fome, sem-teto, sem sistema de saúde, educação, saneamento e água. Mesmo com tudo isso, a resistência palestina continua firme e o povo de se recusa a sair de seu território.
Em cima do muro?
Alguns importantes países, como o Brasil, adotam uma posição totalmente contraditória em relação ao extermínio em Gaza. O presidente Lula condena publicamente o genocídio: “O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, é um genocídio de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças. É contra isso que a humanidade tem que se indignar”, afirmou Lula durante recente visita à França. Porém, só neste ano, as exportações de petróleo cru do Brasil para Israel cresceram 309%, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Além disso, nosso país continua a vender aço e alimentos usados pelas Forças Armadas israelenses para manter sua máquina de morte.
Seria uma posição “em cima do muro”? O problema é que não existe muro faz tempo. Mais de 80% de todas as construções da Faixa de Gaza já foram destruídas pelas bombas estadunidenses lançadas pelos assassinos israelenses. O Governo Lula deveria, imediatamente, romper com qualquer relação diplomática e econômica com o Estado de Israel.
Mas essa conivência não é apenas do governo brasileiro. Outros países adotam a mesma postura hipócrita. A China, a segunda potência imperialista do mundo, foi a maior exportadora de produtos para Israel em 2024, com um comércio de US$ 19 bilhões por ano, mais que o dobro do valor do comércio feito pelos EUA, o principal aliado ideológico e militar israelense. Os chineses mandam, entre outros produtos, metais utilizados na produção de equipamentos militares.
Além desses países que condenam o genocídio, os aliados tradicionais de Israel (o imperialismo estadunidense e europeu) continuam a mandar bilhões de dólares em armas e equipamentos para o Estado nazi-sionista. Segundo pesquisa da Revista Foreign Affairs, Israel recebeu mais de U$ 220 bilhões em ajuda militar desde que foi criado, em 1948. Hoje, toda tecnologia israelense é derivada dos armamentos fornecidos pelos EUA, e o regime sionista depende extremamente do fornecimento contínuo de munições, armas e inteligência por parte dos Estados Unidos. Na prática, Israel é um regime que obedece aos comandos militares do Pentágono, como demonstra o caso da agressão militar contra o Irã.
Essa situação confirma o que o revolucionário russo Vladimir Lênin afirmou, em 1916, em sua obra Imperialismo, fase superior do capitalismo: “O capitalismo transformou-se num sistema universal de subjugação colonial e de estrangulamento financeiro da imensa maioria da população do planeta por um punhado de países ‘avançados’. A partilha deste ‘saque’ se efetua entre duas ou três potências gananciosas, armadas até os dentes, que dominam o mundo e arrastam todo o planeta para a sua guerra pela partilha do seu saque”.
Israel ataca Irã
O Estado assassino de Israel espalha sangue pelo Oriente Médio. Não satisfeito em cometer um genocídio contra o povo palestino, além de já ter bombardeado Síria, Líbano e Iêmen, o neonazista Netanyahu ordenou, em total acordo com Trump, bombardeios contra o Irã a partir do dia 12 de junho, com apoio dos serviços de inteligência e auxílio militar do Reino Unido e dos Estados Unidos.
Segundo o portal de notícias Middle East Eye, que faz cobertura jornalística do Oriente Médio, os EUA entregaram secretamente centenas de mísseis guiados a laser a Israel pouco antes do ataque ao Irã. A entrega de aproximadamente 300 mísseis de alta precisão ar-terra Hellfire teria sido confirmada por duas autoridades estadunidenses que forneceram a informação sob condição de anonimato.
Os governos israelense e estadunidense, em alinhamento com os monopólios burgueses de imprensa, acusam o Irã de produzir a bomba atômica – coisa que os EUA têm aos milhares em seu arsenal. Na prática, é uma guerra para subjugar o povo iraniano e roubar suas riquezas, como petróleo e gás natural. O Irã tem a quarta maior reserva de petróleo do mundo e a terceira maior de gás natural.
Os ataques atingiram instalações nucleares na região de Isfahan, no centro do Irã, e também blocos residenciais, além de um hospital em Kermanshah, no oeste do país. Segundo os serviços de saúde iranianos, até o fechamento desta edição (16/06), mais de 220 pessoas foram mortas nos bombardeios, sendo pelo menos 70 mulheres e crianças. Entre os mortos, também estavam alvos selecionados, como cientistas e membros do alto-comando militar iraniano.
Junto com os ataques aéreos, o regime sionista colocou em atividade dezenas de agentes da organização terrorista de espionagem Mossad para atacar cidades iranianas com carros-bomba, drones e a sabotagem do sistema de energia e distribuição de água para a população.
Apesar de toda esta campanha, as Forças Armadas iranianas mostraram capacidade de resposta e iniciaram uma campanha de bombardeio contra instalações israelenses. Até agora, os iranianos conseguiram destruir armazéns de combustíveis e atacar o porto de Haifa e bases militares de Israel. Os mísseis iranianos também atingiram blocos de apartamentos onde se encontravam baterias anti-aéreas israelenses. Até agora, os ataques deixaram ao menos 16 pessoas mortas. Não é possível saber a real extensão dos danos causados pelos mísseis iranianos devido à censura militar imposta pelo governo de Israel à imprensa local.
Segundo informações divulgadas pela grande mídia, existem mais de 1,5 milhão de bunkers (esconderijos subterrâneos) no território israelense para abrigar a população em caso de ataques. Mais uma prova de que a lógica armamentista faz parte da ideologia do regime sionista, sempre disposto a atacar as nações do Oriente Médio e a tomar mais terras da Palestina Histórica para implantar novos assentamentos de colonos judeus.
Povos do mundo em defesa de Gaza
Diante de tamanha atrocidade, os povos do mundo têm se levantado em defesa da causa palestina. No dia 10 de junho, milhares de argelinos e tunisianos se uniram na “Caravana Sumud” (“resiliência, resistência”, em árabe) e se dirigiram em direção à fronteira do Egito com a Faixa de Gaza. Cruzando três países, os manifestantes pretendiam romper o bloqueio e garantir a entrada de ajuda humanitária aos palestinos, mas foram reprimidos por forças policiais do governo egípcio.
Na Europa, os atos com dezenas de milhares de pessoas continuam a pressionar os governos a romperem com Israel. Cidades como Haia, Paris, Londres e Madrid têm manifestações semanais. Nos EUA, mesmo sob a censura e perseguição do Governo Trump, a juventude continua a se levantar contra o genocídio, combinando com os atos contra a política racista anti-imigrante (ver página 11) vigente no país.
No Brasil, o maior ato em defesa do povo palestino ocorreu em São Paulo, no último dia 15, reunindo mais de 35 mil pessoas. Mais de uma dezena de cidades brasileiras registraram manifestações em defesa do povo palestino.
Neste mês, houve ainda a ação da Flotilha da Liberdade, com tripulantes de várias nacionalidades, incluindo o brasileiro Thiago Ávila. Eles tentaram levar comida e água para Gaza, mas foram sequestrados pelo Exército israelense, torturados e presos nas masmorras sionistas. Posteriormente, a maioria foi solta, mas ainda há três pessoas detidas ilegalmente.
É preciso fortalecer a campanha de solidariedade no Brasil. Diante da falta de atitude do governo brasileiro contra o extermínio palestino, é urgente levantar bem alto a bandeira da libertação da Palestina e exigir respeito à soberania do povo palestino, com seu direito a organização de um Estado próprio.
Publicado na edição nº315 do Jornal A Verdade.