A mando do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro, às famílias e apoiadores foram espancados e despejados do edifício. Crianças, mulheres e idosos sofreram ataques de cassetete, spray de pimenta e bombas.
Redação
Na manhã de domingo (07/09), cerca de 100 famílias organizadas no Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocuparam um edifício abandonado no centro do Rio de Janeiro. As famílias deram o nome para a nova ocupação de “Luisa Mahin – Palestina Livre”.
A mando do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro, às famílias e apoiadores foram espancados e despejados do edifício. Crianças, mulheres e idosos sofreram ataques de cassetete, spray de pimenta e bombas.
O cenário de agressão causou 18 hospitalizações, sendo uma das ocupantes internada no Hospital Souza Aguia por múltiplas fraturas, incluindo uma exposta na mão. A ocupante foi operada nesta segunda e o estado de saúde completo não foi divulgado. Além disso, um outro ocupante teve uma bala de borracha alojada no braço, que depois foi retirada do hospital.
Para piorar, os dois políticos estão usando ataque brutal contra as famílias do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas para tentar ganhar eleitoralmente nas redes, com mentiras sobre nosso movimento e escondendo a verdadeira pauta que a defesa de moradia digna para o povo pobre e trabalhador no Centro do Rio.
Entenda a ocupação Luísa Mahin
A ocupação faz parte de uma campanha do Movimento, que realizou 18 novas ocupações em 15 estados anunciadas hoje, Dia da Independência do Brasil. Sob o lema “Não há independência, nem soberania, sem direito à moradia”, a campanha denuncia as mais de 8 milhões de famílias que hoje vivem no déficit habitacional no país e a insuficiência das políticas de habitação.
A jornada de lutas também denuncia o genocídio do povo palestino, em que mais de 70 mil pessoas foram assassinadas regime sionista israelense, 150 mil foram feridos e 2 milhões de deslocados em Gaza, de acordo com autoridades palestinas e órgãos das Nações Unidas. Além disso, 80% das edificações da Faixa de Gaza foram destruídas por Israel.
O prédio ocupado pelo movimento é da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) e está localizado na Av. Venezuela, 153, próximo ao Cais do Valongo, local de memória do povo negro e declarado patrimônio histórico pela UNESCO. O edifício encontra-se abandonado há anos, mesmo tendo uma proposta de transformar o espaço no “Centro Cultural Rio-África”, de memória da luta do povo negro no Brasil.
De acordo com uma portaria da SPU de agosto deste ano, o prédio está destacado para servir de moradia popular. Dentro do Movimento a proposta é que o espaço cumpra as duas funções: espaço de memória e de moradia. A maioria das famílias ocupantes são negras e vítimas do processo de gentrificação que joga a população trabalhadora para as periferias.
A ocupação recebeu o nome de Luisa Mahin, heroína da luta contra a escravidão e liderança da Revolta dos Malês, em 1835. Mahin é reconhecida também como a mãe de Luis Gama, advogado popular que liderou o movimento abolicionista na segunda metade do século 19.. Assim, como em outros estados, a ocupação também recebeu o nome de “Palestina Livre”, para denunciar o genocídio contra o povo palestino realizado pelo Estado de Israel há 702 dias.