O governador do estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) e seu secretário da educação, Ricardo Feder, impõe às escolas a plataformização das escolas através da “Sala do Futuro” enquanto milhares de jovens sofrem com a falta de professor e de estrutura.
Igor Teles | São Paulo
EDUCAÇÃO – Durante a pandemia do COVID-19, os estudantes secundaristas (principalmente ensino médio), sofreram com o Centro de Mídias São Paulo (CMSP), devido a diversos problemas como travamentos constantes das aulas e vídeos, atividades que não ensinavam e que excluíam os alunos que não tinham internet em casa ou que trabalhavam.
Agora, no ano de 2025, esses mesmos estudantes se deparam com a plataforma digital “Sala do Futuro”; que é descrita pelos seus próprios responsáveis, a Secretaria de Educação de SP (SEDUC), como: “o novo App completo para organizar o dia a dia dos alunos, professores e responsáveis na rede estadual de escolas de São Paulo”.
Uma clara iniciativa do governo estadual e da SEDUC de impor a iniciativa privada às salas de aula e avançar ainda mais em seu projeto privatista.
Feder quer transformar educação em mercadoria
Todo esse processo mais agressivo de plataformização começou quando o governador Tarcísio nomeou Renato Feder, que não possui formação específica para dar aula, como Secretário da Educação do estado.
Feder já foi CEO (entre 2003 à 2018) da empresa Multilaser que fabrica eletroeletrônicos. Muitos tablets concedidos para os alunos da rede estadual são dessa mesma empresa que o atual Secretário da Educação já possuiu um cargo alto.
Apenas ano passado, quando se tornou obrigatório para professores aplicarem em sala de aula essas plataformas (como o Khan Academy, por exemplo), a SEDUC investiu quase 500 milhões de reais em plataformas digitais ignorando que, enquanto isso, nas escolas da rede estadual faltam de professores e estrutura adequada.
De acordo com uma nota técnica do Grupo Escola Pública e Democracia (Gepud) e a Rede Escola Pública e Universidade (REPU), após avaliar o desempenho dos estudantes no SARESP (Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar de São Paulo), foi possível perceber que os aplicativos não melhoraram o desempenho dos alunos.
“A análise aponta a falta de transparência da Seduc-SP sobre o funcionamento e os conteúdos das ferramentas digitais”, aponta a nota técnica. Além de tirar a autonomia do professor, essas plataformas também possuem a mesma lógica das redes digitais em geral: coleta de dados.
Os estudantes não se rendem
As entidades estudantis do estado de SP, principalmente as dirigidas pelo Movimento Rebele-se, estão construindo jornadas de luta, passando nas escolas e em salas de aula. Os estudantes não só reprovam essas plataformas como querem que o orçamento da educação básica seja direcionado para a contratação de mais professores e a melhoria da estrutura escolar.
Enquanto o fascista e neoliberal Tarcísio de Freitas continua vendendo a educação e perpetuando sua política de sucateamento do serviço público em benefício dos grandes empresários, nós vamos continuar mobilizando os estudantes para ocuparem as ruas e exigir que a educação seja um direito e não mercadoria.
O único caminho possível aos estudantes de São Paulo e de todo o país que também têm suas escolas precarizadas é a luta. Cada estudante, secundarista, universitário, pais, mães e membros da comunidade escolar devem ir às ruas pelo direito de uma educação pública, emancipadora e de qualidade. Afinal, a verdadeira sala do futuro deve ser feita a partir das mãos dos estudantes e professores.