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segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Concentração de riqueza significa aumento da pobreza e do desemprego

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Hoje, no Brasil, apenas seis pessoas detêm a mesma riqueza que metade da população, 100 milhões de pessoas. Enquanto a realidade dos trabalhadores é de endividamento e salários que não suprem as necessidades básicas.

Indira Xavier | Redação


EDITORIAL – No último mês de novembro, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou dados sobre o desemprego no país. Considerando os índices do mês de setembro, 5,4% da população brasileira está desempregada. Mas a questão é: qual a condição dos 94,6% da população que é considerada empregada, segundo a pesquisa?

De acordo com o mesmo IBGE, 40% dos trabalhadores brasileiros não têm direito a férias, 13º salário, licença-maternidade, creche e trabalham sem registro em carteira. Mais: 16% trabalham de modo intermitente, ou seja, estão subocupados ou subutilizados, pois seus trabalhos são irregulares e, por isso, trabalham menos horas do que necessitam para sobreviver. 

Há, ainda, 4,3 milhões de trabalhadoras domésticas sem carteira assinada, condição igual a de 2,8 milhões de trabalhadores do setor público, além dos mais de 3 milhões que trabalham para aplicativos de entrega ou para plataformas digitais. Não podemos esquecer dos milhões de trabalhadores que sobrevivem como MEI, autônomos, por conta-própria, diaristas, fazendo bico, etc.

Ao analisar os dados disponibilizados pelo Ministério do Trabalho sobre os empregos formais gerados no ano de 2024, a realidade é que 72,5% estavam na faixa salarial de até 1,5 salário mínimo. Quando falamos de horas semanais trabalhadas, 47% dos trabalhadores têm jornadas superiores a 40h e 13,5% trabalham 48h ou mais por semana.

Essa realidade impõe à imensa maioria da classe trabalhadora brasileira condições degradantes de trabalho, marcadas por extensas jornadas e baixos salários. O desemprego e as péssimas condições de trabalho são uma condição própria do sistema capitalista, que não tem o menor interesse em desenvolver a sociedade e dar plenas condições de vida aos que tudo produzem, os trabalhadores.

Demissões e baixos salários

A concentração de riqueza é uma característica da fase imperialista do sistema capitalista e é marcada por um aumento da exploração da classe trabalhadora. No Brasil, 60% da população vive com até um salário mínimo, R$ 1.518, quando o necessário para suprir as necessidades básicas seria, segundo o Dieese, R$ 7.116,83, ou seja, quatro vezes mais. De fato, como comer, pagar aluguel, transporte, água e luz recebendo tão pouco? 

Dados do Caged, do Ministério do Trabalho, apontam que, em setembro, 213 mil postos de trabalho formal foram abertos, no entanto, esse número é 15,8% inferior ao do mesmo período de 2024, ou seja, menos empregos sendo gerados e mais demissões sendo realizadas para atender aos interesses dos capitalistas. Só o Itaú, o maior banco privado do país, que teve um lucro de mais de R$ 34 bilhões nos nove primeiros meses deste ano, demitiu mil trabalhadores no mês de setembro. Já a Nissan, importante montadora japonesa, que possui fábrica no Brasil, anunciou que demitirá 20 mil funcionários e fechará sete de suas 17 fábricas.

No setor público, muitos serviços e empresas foram privatizados nos últimos anos, o que, além de gerar um aumento nas tarifas cobradas, precarização e piora nos serviços ofertados à população, também foram responsáveis pela demissão de milhões de trabalhadores. A Eletrobras, por exemplo, uma das maiores empresas elétricas da América Latina (privatizada, em 2022, pelo criminoso Bolsonaro), já demitiu mais de 20 mil trabalhadores.

Economia dependente dos países imperialistas

O século 21 também marca uma profunda dependência da economia brasileira (embora seja a décima maior do mundo) ao capital estrangeiro. Quem dita as regras da produção e do consumo são os bilionários, e não as necessidades do povo trabalhador. Prova disso é que apenas quatro trades, conhecidas como ABCD, financiam, compram, armazenam, transportam, vendem e especulam, ou seja, controlam todos os alimentos no mundo.

Logo, mesmo havendo produção de alimentos suficiente para matar a fome, que ainda atinge milhões de lares no Brasil, é a especulação financeira que determina o que será produzido. Por isso, os economistas burgueses estão mais preocupados em pressionar o governo para que ceda aos EUA e a Trump na chamada guerra tarifária, do que em mostrar que se o governo baixasse as tarifas e subsidiasse os pequenos agricultores (visto que 70% da comida que se consome aqui vem da agricultura familiar), não faltaria comida na mesa do brasileiro.

Para piorar, o Brasil mantém em bancos estadunidenses reservas de R$ 2 trilhões do dinheiro público brasileiro, mesmo recebendo juros mais baixos por essas reservas. Os governos daqui fazem isso para manter a economia dos EUA, em detrimento das necessidades do povo brasileiro. Se usássemos esse montante para construir moradias populares, seria possível construir mais de 13 milhões de casas, ou seja, daríamos fim ao déficit habitacional que é, segundo a Fundação João Pinheiro, de cerca de 6 milhões de moradias, além de gerar milhões de empregos.

Além disso, sucessivos governos vêm impondo um teto nos investimentos públicos e, com isso, ano após ano, o orçamento para áreas essenciais, como saúde, educação e moradia, é reduzido. Porém, nenhum deles deixa de pagar a dívida pública brasileira, que hoje consome 44% do orçamento, ou seja, quase R$ 2 trilhões por ano. Tudo isso é feito para atender aos interesses dos bancos “nacionais” e internacionais, à custa do endividamento de mais de 78 milhões de brasileiros devido aos juros abusivos.

Por isso, cresce a concentração de renda no Brasil: atualmente, apenas seis indivíduos detêm a mesma riqueza que metade da população, 100 milhões de pessoas. Mas a burguesia nunca vai dizer que ela mesma é a responsável por tanta desigualdade. Sempre vai jogar sobre as costas da classe trabalhadora a responsabilidade.

Os ricos concentram mais capital em suas mãos à medida em que os diversos ramos da produção industrial se incrementam com novas máquinas para produzir mais mercadorias em menos tempo. Isso aumenta a mais-valia (o lucro dos capitalistas) e, ao mesmo tempo, a exploração dos trabalhadores. Contraditoriamente, como já vimos, a realidade da classe trabalhadora é apertar o cinto mês a mês, pois os salários são insuficientes, o endividamento é enorme e os produtos estão cada vez mais caros.

Um Programa para libertar o povo da exploração

Ao perceber os reais motivos da vida ser tão difícil, o povo, a classe trabalhadora, não tem outra alternativa a não ser construir as bases de sua libertação, desenvolvendo lutas que desmascarem os interesses dos ricos e seus governos.

Assim, lutas contra a escala 6×1, as greves dos servidores e estudantes por mais verbas no orçamento público, as lutas pelo direito à moradia e à comida no prato, a defesa da natureza, etc., têm sido cada vez maiores em nosso país e no mundo. Da mesma forma, as lutas contra o racismo e a xenofobia e contra as guerras imperialistas e o genocídio do povo palestino.

No entanto, para serem efetivas, tais lutas, além de mobilizar a classe trabalhadora, precisam apresentar um Programa verdadeiramente revolucionário e que se proponha às políticas neoliberais, ou seja, um Programa com medidas para pôr fim ao sistema de fome, miséria e guerras que é o capitalismo e que, em seu lugar, apresente a construção de um governo revolucionário da classe trabalhadora: o socialismo

Nesse sentido, medidas como a socialização de todos os monopólios e consórcios capitalistas são fundamentais para que haja a planificação da economia. Também a nacionalização das terras e uma efetiva reforma agrária para atender às necessidades dos camponeses pobres e de toda a classe trabalhadora.

Não podemos deixar de defender a nacionalização dos bancos, pois, só assim, será possível assegurar que as riquezas nacionais fiquem no nosso país e estejam a serviço do povo, bem como a efetiva implementação dos impostos progressivos (quem ganha mais, paga mais).

Para não sermos alvos dos ataques e da reação dos burgueses destronados, é necessário ainda democratizar os meios de comunicação, colocando-os sob o comando público, e não privado. Por fim, reestatizar todas as empresas públicas brasileiras que foram vendidas a preço de banana.

Essas e outras medidas são essenciais para defendermos a efetiva soberania nacional e a independência econômica desta Nação, que é tão rica, e proporcionar ao povo brasileiro uma vida de paz e prosperidade, em vez de colocar todo o seu potencial a serviço de uma minoria de parasitas capitalistas. 

É urgente uma revolução das classes exploradas para pôr abaixo o capitalismo e, em seu lugar, construir o socialismo!

Editorial publicado na edição nº326 do Jornal A Verdade.

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