Você já se perguntou por que o governo simplesmente não imprime mais dinheiro para dar a quem precisa? Seria muito óbvio, já que isso poderia acabar com a pobreza.
O simples fato, porém, de haver mais dinheiro na mão das pessoas não garante que a pobreza vá acabar. Ao contrário do que muitos pensam, dinheiro não mede riqueza. O volume de produção do País é que gerará riqueza, sendo o dinheiro apenas um meio de circulação.
Quando há mais dinheiro que produtos disponíveis no mercado, entra em cena a famosa lei da oferta e da procura, que determina que, quando a procura é baixa, os preços caem para incentivar as pessoas a comprar, e quando a procura é alta, os preços sobem, pois as mercadorias se tornam mais valorizadas.
Na prática, isso significa que se cada família compra um quilo de carne com R$ 10 e, no mês seguinte, essas famílias têm o dobro para comprar mais carne e o mercado não tem o dobro de carne disponível, o preço do quilo tende aumentar para um valor próximo a R$ 20.
Esse movimento, chamado inflação, é causado pela perda de valor do nosso dinheiro ou, em outras palavras, perda do poder de compra, já que o dinheiro que temos não compra mais as mesmas coisas que comprava antes.
Assim, o povo trabalhador sente na pele, ou melhor, no bolso, os efeitos da inflação, já que não pode repassar os aumentos de custos para outros, como fazem o governo e os empresários com os consumidores. No limite, a inflação aumenta o preço dos alimentos, dos aluguéis, da gasolina, etc., o que faz aumentar, por sua vez, os transportes coletivos e os serviços em geral.
Muitas vezes, os aumentos salariais são consumidos por essa desvalorização do dinheiro. Na prática, a inflação garante que o lucro dos patrões não diminua.
Nesse sentido, além de lutarmos por aumentos reais de salários, cuja reposição da perda com a inflação é um direito, temos que lutar também por uma economia que, de fato, seja planejada, atuando a serviço da classe trabalhadora, e não de uma minoria que lucra com a miséria da população.
Rafaela Carvalho, mestranda em Economia (USP) e militante da União da Juventude Rebelião