“Pega o lenço e vai”: Honrando aos mestres dos antigos carnavais

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Pega o lenço e vaiVamos o tamborim esquentar

É chegada a grande hora

Vamos apresentar

O que há de bom na nossa escola

E quem não conhece a nossa bateria

Vai ficar arrepiado

Pós o apito do diretor de harmonia

(Robson e Márcio – Terra Brasileira)

Realizou seu cortejo no último sábado 07 de fevereiro, pelo quarto ano consecutivo, na cidade de Mauá no ABC Paulista, o Bloco de Samba “Pega o lenço e Vai”. O tema deste ano foi a Revolta dos Balaios, a história de Manuel Balaio, Preto Cosme e luta pela libertação do Brasil na história do Maranhão.

Fundado em 2010, o “Pega o lenço e vai” é uma homenagem ao almirante negro João Cândido, tema do primeiro cortejo do Bloco. O lenço é uma referência a vestimenta dos marinheiros que lutaram pela liberdade no evento histórico que ficou conhecido como Revolta da Chibata. Comprometido com o Samba e com história dos negros no Brasil, o bloco trabalha para fazer do carnaval um momento de alegria, de reflexão e de resgate da cultura popular.

O ponto de encontro, no bairro mauaense do Parque das Américas, é o Centro Cultural Dona Leonor, localizado próximo à estação Guapituba do trem. Lá se encontra quem valoriza o Samba de terreiro, os grupos Terreiro de Mauá e Terra Brasileira. É um lugar de reverenciar aos mestres do Samba, Xangô da Mangueira, Carlos Cachaça, Alvaiade, Paulo da Portela e muitos outros.

Como coletivo de trabalhadores e trabalhadoras, o bloco debate os temas, prepara o lenço que a vestimenta oficial e organiza o cortejo de carnaval a cada ano. Além do João Cândido (2011) e a Revolta dos Balaios, foram homenageadas a negra Luiz Mahin e a Revolta dos Malês (2012) e Luiz Gama, o trovador da liberdade (2013).

No momento em que a festa e a cultura popular vão se transformando em mercadoria e que os elementos da cultura negra vão sendo apropriados por racistas mal ou bem disfarçados, o carnaval do “Pega o lenço e vai” fica ainda mais importante. Que tenha muitos anos de vida!

Samba tema do bloco em 2015:

Balaiada

No Brasil

O opressor

Recebe condecoração

Nosso bloco vem cantar a história da união

Do quilombola Preto Cosme,

Manuel Balaio e seu povo guerreiro

Que honraram este solo brasileiro

Lara Lara

Lara Lara

Lara Lará

Várias Colunas de balaios

Tomaram a cidade de Caxias

Após desmontarem toda tropa imperial

Cantavam triunfante melodia

Ô, ô, ô, ô, ô

Ô, ô, ô, ô, ô

Cadê o Branco?

Não há mais branco!

Não há mais sinhô

A esperança

Ressoou em revoada

Por quatro anos

Resistiu a lendária Balaiada.

(Ala de Compositores)

Da Redação, São Paulo.