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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Nadezhda Krupskaia: “Nem todas as organizações da juventude são boas”

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krupskaiaOs pedagogos burgueses falam e escrevem bastante sobre a necessidade da “educação/estudo” da juventude, entendendo por “educação cívica” o respeito à propriedade privada e ao regime político existente, o “chauvinismo” (patriotismo, como eles dizem), o desprezo às demais nações, etc.

Com o objetivo de fortalecer esses sentimentos na juventude, organizam diversas uniões juvenis, como os escoteiros, nas quais os pequenos podem exercitar desde cedo esses sentimentos. Os jovens ficam contentes que se lhes dê a possibilidade de aplicar suas forças em alguma coisa e manifestar sua atividade, agilidade e inteligência, sem perceberem, entretanto, o veneno injetado em suas almas por meio dessas uniões. É o veneno da concepção burguesa do mundo e da moral burguesa. Um veneno que incapacita a juventude de participar do grande movimento emancipador que libertará o mundo do jugo e da exploração, acabará com a divisão de classes e dará à humanidade a possibilidade de viver feliz.

Vimos os resultados dessa educação cívica na Rússia, em Petrogrado, quando arrastaram os estudantes das escolas secundaristas à manifestação em defesa do Governo Provisório. Rodeados por uma multidão hostil à classe operária, os jovens caminharam entre cartolas e damas cheias de joias, unindo-se aos que diziam que Lênin havia comprado os trabalhadores com dinheiro alemão, aos que caluniavam os socialistas e agrediam os oradores que expressavam francamente suas ideias em meio a esta multidão hostil. Aos jovens asseguravam que cumpriam seu dever cívico ao manifestarem-se ao lado dos inimigos da classe operária.

Nem todas as organizações da juventude são boas; há aquelas que até proporcionam muitas satisfações aos jovens, porém os pervertem.

Existe outra “educação cívica”. Trata-se da educação cívica dada pela vida aos jovens operários. A vida os educa no nobre espírito da solidariedade operária de classe; faz com que compreendam e amem a palavra de ordem de “Proletários de todos os países, uni-vos!” e os colocam nas fileiras dos lutadores “por um mundo fraterno e pela sagrada liberdade”.

Os jovens operários de todos os países organizam uniões proletárias ligadas à Internacional Juvenil e que marcham ombro a ombro com a classe operária e têm os mesmos objetivos dela. A Internacional Juvenil não se desintegrou durante a guerra. Durante a sangrenta matança imperialista convoca os jovens operários do mundo inteiro a lutar e se organizar em suas fileiras. A seção alemã da Internacional Juvenil foi dirigida durante muitos anos por Karl Liebknecht, que tão valentemente se levantou contra a atual guerra de rapina, lançando francas condenações ao governo de seu próprio país, pelo que foi condenado a trabalhos forçados.

Quando, após a Conferência Internacional de Mulheres, em 1915, se convocou a Conferência Internacional da Juventude Operária, a seção russa da Internacional Juvenil não esteve devidamente representada. Isto porque sob o regime autocrático as operárias e os operários jovens não podiam criar uma organização com todos os requisitos formais necessários e porque a guerra dificultava de tal modo a comunicação entre os países que não houve possibilidade de entrar em contato com a Rússia.

Entretanto, o Comitê Central do Partido Operário Socialdemocrata da Rússia enviou um delegado a esta Conferência para manifestar, em nome dos jovens operários russos, que estes estavam de todo o coração com a juventude operária de todos os países e marchavam com ela sob a bandeira comum da Internacional. A prova de que o Comitê Central não se equivocou é de que hoje os aprendizes e as aprendizes fabris de Petrogrado já agrupam em suas fileiras cerca de 50 mil jovens. Estes jovens assentam as bases da seção russa da Internacional Juvenil e convocam todos a se unirem aos jovens operários, tanto aqueles que trabalham nas fábricas como também os aprendizes, os gazeteiros, enfim, todos os jovens que se vêm obrigados a vender sua força de trabalho. Chamam a se unirem com eles os jovens de Moscou e região, de Ekaterinoslav e de Jarkov, em uma palavra, de toda a Rússia. Chamam todos a lutar por um mundo melhor, pelo socialismo.

Nadezhda Krupskaia, em 27 de maio de 1917

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