As cenas de toneladas de comida sendo destruídas na Rússia rodaram e chocaram o mundo no início do mês de Agosto desse ano. O motivo? A Rússia aprovou um embargo sobre produtos agrícolas da União Européia (UE), Noruega, Austrália, Canadá e EUA após 28 países da EU decidirem manter sanções econômicas a Rússia até janeiro de 2016, medida articulada, sobretudo pelo governo Norte americano, após os atritos entre as duas potências sobre o futuro da Criméia, quando um referendo realizado ano passado anexou o país à Rússia.
Assim, em resposta as imposições dos outros países o governo Russo decidiu proibir a entrada de Carne, Peixes, Frutas e verduras, leite e derivados desses países. O problema é que, mais uma vez, quem está sofrendo com essa “briga de cachorro grande” entre EUA e Rússia é a grande população do país. Segundo o Instituto de Estudos Estratégicos Integrados (IKSI em Russo) a resposta do governo Russo criou preços exorbitantes e prateleiras vazias por conta do embargo. A Rússia importa da Europa 31,5% da carne, 42,6% de laticínios, 70% das frutas, 32% dos legumes e 50% do leite que consome. Ou seja, uma total dependência dos produtos oriundos desses países.
Como se não bastasse o mundo inteiro ver a insanidade em nome do lucro por parte de Vladmir Putin, o presidente anunciou investimentos de 3,7% do PIB Russo em armamento em julho desse ano. Ou seja, U$$81bilhões por ano em novas armas entre convencionais e nucleares. As 114 toneladas de carne e as 73 de frutas, verduras e queijo incinerados no início de agosto desse ano só fez aumentar ainda mais as taxas de fome e pobreza entre a população pobre russa. Contrabando de alimentos voltou a fazer parte do cotidiano russo, como já vimos em 1998, aonde o país chegou inclusive a receber ajuda humanitária internacional.
A mídia mundial tentou comparar a atual crise no país com as falsas informações divulgadas sobre a URSS, sobretudo na época de Stálin. É claro que eles não falam que, tal situação, só encontra paradigma na época dos Czares, antes da revolução bolchevique de 1917 e não citam a crise de 1929, a chamada “quebra da bolsa de nova York”, onde os países do primeiro mundo agonizavam, enquanto a URSS se industrializava, eletrificava todo seu território e encarava como fantasmas do passado coisas como fome, analfabetismo e desemprego.
Ou seja, os mesmo que antes comemoravam a vitória do capitalismo sobre o socialismo se digladiam e tentam esconder cada vez mais suas mazelas, coisa impossível em uma época de informação digital. Dito de outro modo, na briga por mais lucros, matam de fome seu próprio povo e promovem ainda mais guerras. E, como disse Manoel Lisboa de Moura, “é impossível amar uma pátria que lhe mata de fome”. Esses famélicos se erguerão mais uma vez.
Cloves Silva, Estudante de Letras da UFRPE