UM JORNAL DOS TRABALHADORES NA LUTA PELO SOCIALISMO

sábado, 27 de julho de 2024

Argentina pune militares por crimes durante ditadura

No dia 27 de outubro, em Buenos Aires, Argentina, doze ex-oficiais da Marinha foram condenados à prisão perpétua por crimes cometidos durante a ditadura, entre eles Alfredo Astiz, um dos símbolos da repressão militar, que se fez passar por militante de esquerda para sequestrar, torturar e assassinar. Em sua lista de acusações estão os assassinatos de Azucena Villaflor, fundadora das Mães da Praça de Maio, e das monjas francesas Alice Domon e Leonie Duquet, torturadas na Esma e jogadas no mar. A sentença de Astiz foi a mais aplaudida e comemorada pelos familiares dos mortos e desaparecidos políticos.

Também receberam a mesma pena Julio César Coronel, Jorge Rádice, Adolfo Donda, Antonio Pernías, Raúl Scheller, Alberto González, Ernesto Weber, Jorge Tigre Acosta, Ricardo Miguel Cavallo, Néstor Savio e Antonio Montes. Manuel García Tallada e Juan Carlos Fotea receberam uma pena de 25 anos; Carlos Octavio Capdevila, 20 anos, e Juan Antonio Azic, 18 anos.

Durante todo o julgamento, familiares de mortos e desaparecidos políticos gritavam os nomes de vítimas da ditadura argentina como forma de fazê-los presentes num momento histórico para a luta pela verdade e a justiça no país. A Praça dos Tribunais, no centro de Buenos Aires, ficou lotada de pessoas que acompanharam atentas a leitura das sentenças. A cada condenação, uma onda de aplausos tomava conta da praça. A justiça estava sendo feita. Os crimes cometidos até então impunemente por agentes da ditadura militar mais sanguinária da América Latina.

Argumentando que crimes contra a humanidade não podem ser prescritos, o Congresso do Uruguai aprovou no dia 27 de outubro a lei que vai permitir o julgamento de militares pelos crimes contra os direitos humanos cometidos durante a ditadura. Estima que aproximadamente duzentas pessoas morreram e milhares foram torturadas entre os anos de 1973 e 1985. A aprovação tornou sem efeito a Lei da Caducidade, que garantia a anistia aos militares e, na prática, a medida autoriza a abertura de processos contra militares que estão na reserva.

Com a aprovação da lei, o Estado uruguaio poderá punir os crimes cometidos pela ditadura, eliminar a prescrição para os processos referentes ao período e declarar os crimes cometidos no período da ditatura como crimes contra a humanidade.

As decisões do parlamento uruguaio e da justiça argentina são um marco na luta pela verdade, pela justiça e pela punição dos autores dos crimes cometidos durante as ditaduras que assolaram o continente entre as décadas de 1960 e 1980, e esperamos que se tornem uma referência do que a Comissão da Verdade, aprovada recentemente pelo Congresso brasileiro, deva fazer também aqui no Brasil. Para que não se esqueça, para que não mais aconteça.

Heron Barroso

Outros Artigos

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Matérias recentes