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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

O Brasil da Inquisição (e da democracia esquartejada caindo no poço dos crocodilos)

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inquisicaoHá um filme sobre a inquisição feita pela Igreja Católica na idade média chamado “O poço e o pêndulo”. Nele é ilustrado como eram obtidas as confissões dos acusados para depois condená-los. Todos eram submetidos às mais bárbaras torturas até que confessasse o suposto crime e caso resistisse a uma determinada tortura o acusado era submetido a outro modo ou equipamento mais agressivo e mais horrendo. As torturas se tornavam progressivas até que o sujeito confessasse o crime ou morresse no sofrimento.

Aos que confessavam restava geralmente a fogueira para ser queimado vivo ou muitos anos num calabouço como pena mais branda. Nenhum acusado poderia confessar um crime antes de ser torturado, pois a tortura era também uma espécie de penitência e, portanto, todos deveriam passar pelo processo para “purificar a alma” (e para atender à sanha sádica dos inquisidores que precisavam tirar uma casquinha).

Uma vez no tribunal da inquisição, a morte era o destino quase certo, pois não havia alternativa entre a confissão sob tortura que resultaria em morte ou calabouço, ou a morte sob tortura. Não havia necessidade de seus acusadores provarem o que denunciavam. Com sorte e resistência, o acusado poderia se livrar da morte e engolir uns anos de prisão.

Atualmente há juízes da inquisição em plena atividade no Brasil. Os tribunais estão aí funcionando a todo vapor com prisões e fogueiras midiaticas na direção de conseguirem uma delação premiada pra que o tribunal subsista. E os acusadores, via de regra envolvidos nos mesmos crimes, não são investigados, não precisam provar nada e são colocados como heróis à serviço de uma suposta purificação da nação. Por enquanto, ao que parece, os torturados e condenados de hoje têm alguma culpa no cartório. Mas daqui a pouco, como na idade média, mesmo os inocentes em plenitude terão olhares desconfiados voltados para si quando chegarem sua hora.

A idade média é também conhecida como idade das trevas. Tempos sombrios são também esses que vivemos, quando as garantias constitucionais são relativizadas ou mesmo rasgadas e o poder institucional, antes regido por premissas coletivas, passa a ser executado por um pequeno grupo ou até mesmo um único homem, em nome de um Deus cristão ou maçon que opera para gente de bem…

PS: O poço e o pêndulo era uma forma de tortura demonstrada no filme na qual o sujeito não conseguiria escapar da morte na tortura a menos que confessasse. Era um dos últimos equipamentos ao qual o sujeito era submetido. Fica a dica para descobrir esse método bárbaro: assistam o filme!

Jobert Fernando de Paula
Diretor do Sindieletro-MG e membro do Movimento Luta de Classes

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