No último dia 18 de agosto, no distrito de Khan Son, seis pessoas morreram ao entrarem em contato com uma bomba despejada pelos EUA, na década de 1970, durante a Guerra do Vietnã (chamada no Vietnã de Guerra de Resistência contra a América). Essa não é a primeira vez que um artefato explosivo atinge a população local depois de ter sido encerrada a guerra. Desde a queda de Saigon, com o fim do conflito, em 1975, até 2017, mais de 50 mil pessoas morreram, e outras 70 mil ficaram feridas, ao colidirem com uma bomba não detonada, as quais encontram-se, em sua maioria, enterradas na região central do Vietnã.
Foram mais de quinze milhões de toneladas de bombas que os EUA despejaram contra o povo vietnamita. O imperialismo não aceitava a vontade popular de tornar o Vietnã um país soberano e unificado. Com a derrota das tropas coloniais francesas, em 1954, o Vietnã se dividiu em dois, com um regime socialista ao Norte e um regime fantoche ao Sul. Em 1955, diante de um plebiscito nacional que deliberaria sobre a unificação do país, tropas do Vietnã do Sul iniciaram uma campanha de extermínio contra os guerrilheiros do Viet Cong (também conhecidos como Frente Nacional de Libertação – FNL).
O governo do Vietnã do Norte condenou a perseguição, sendo esta apoiada de forma criminosa pelos EUA, que, nos primeiros anos, atuam por meio de conselheiros militares, porém, com o fortalecimento da guerrilha popular, a partir de 1960, centenas de milhares de soldados dos EUA desembarcam no Vietnã. A devastação e o genocídio do povo vietnamita atingem um novo patamar. Dia e noite, os EUA, com bases espalhadas pelo oceano, em Saigon e na Tailândia, iniciam o bombardeio de milhares de cidades e aldeias. Uma campanha internacional de solidariedade ao povo do Vietnã ganhou grande repercussão no mundo inteiro.
O histórico líder do Vietnã, Ho Chi Minh, junto ao heróico general Vo Nguyen Giap, comandaram o povo vietnamita em uma campanha de resistência que iniciou ainda na década de 1940, com a resistência aos japoneses. Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, a França tentou restabelecer o seu controle colonial sobre a Indochina. A Guerra da Indochina teve como vencedor o povo do Vietnã, que expulsou os franceses e criou três repúblicas na região: Camboja, Laos e Vietnã. Contudo, por interesses reacionários, Saigon permanece sob influência do imperialismo, desta vez dos EUA, e uma nova guerra assola o país.
Apesar de ter que conviver com o drama de mais de três décadas de guerra ininterrupta, o povo do Vietnã demonstrou enorme heroísmo e derrotou as tropas do imperialismo. Os 500 mil soldados, oficiais e políticos dos EUA foram escurraçados em 1973 de Saigon, capital do Vietnã do Sul, tendo mais de 60 mil mortos e 300 mil feridos. Contudo, as perdas humanas e materiais do Vietnã foram gigantescas: mais de 1,5 milhão de mortos (contando as perdas de vida no Camboja) e 700 mil feridos. O exemplo de resistência e heroísmo do povo vietnamita jamais serão esquecidos, e os crimes do imperialismo continuarão a ser denunciados em todos os cantos do planeta.
Matheus Nascimento, Belém