O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) ocupou, no dia 06 de setembro, um prédio localizado na região central de Belo Horizonte (MG), dando origem à Ocupação Carolina Maria de Jesus. O movimento organizou 200 famílias e deu vida ao prédio que há muitos estava inutilizado, sem qualquer função social. A própria ocupação é uma denúncia a respeito da falta de oportunidades para a classe trabalhadora no Centro de BH.
Na noite do dia 08, um oficial de justiça compareceu à porta da ocupação informando de uma “ordem de despejo” emitida pela empresa Sistel, suposta dona do imóvel! Por pressão dos advogados da empresa (presentes na porta junto com o oficial), o mesmo tentou realizar a intimação de forma ilegal, mas, claro as famílias não aceitaram mais este absurdo.
O alto preço dos alugueis não para de aumentar, mesmo o país enfrentando um dos piores momentos de sua história, sob a direção de um governo corrupto, golpista e que está anulando a maioria dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras , conquistados durante anos de muita luta e dedicação.
Segundo o Plano de Habitação de Interesse Social da Prefeitura de Belo Horizonte (PLHIS), existem terrenos vazios na Capital mineira suficientes para assentar 330 mil famílias. Há imóveis abandonados para 66 mil famílias e o número oficial de sem-tetos chega a 78 mil. Vale ressaltar que esses dados são institucionais e foram realizados em 2009, portanto, o número hoje já é bem maior.
Outra disputa realizada na sociedade é o nome da própria ocupação. Carolina Maria de Jesus foi uma escritora brasileira, negra, que viveu em situação de rua, filha de pais negros e analfabetos. Aos 33 anos, desempregada e grávida, Carolina foi morar na favela do Canindé, em São Paulo. Ao mesmo tempo em que trabalhava como catadora de lixo, escrevia seu cotidiano, a vida dentro da favela e sobre questões sociais e políticas do lugar, além de ter composto várias músicas. O MLB reivindica um projeto de cultura popular que seja amplo para a classe menos favorecida. Além disso, luta pela questão da mulher e da população negra, que são os mais injustiçados pelo sistema capitalista dentro da classe trabalhadora.
Junto a todas essas pautas de luta, a ocupação vem ganhando peso na cidade, várias pessoas e apoiadores têm procurado para propor atividades, entre elas, shows de música, maracatu, aulas de forró, cortes afros, contação de histórias para crianças, oficinas de mídia e comunicação, oficina de horta e plantio, sessões de cinema, oficina de bijuteria, aula de reforma urbana entre várias outras coisas. Todo esse apoio mostra a vontade da população de lutar e mudar essa correlação de forças e derrotar todos esses retrocessos que atacam o nosso povo. A força na luta é a segurança na qualidade de vida de todas e todos.
MLB, ESSA LUTA É PRA VALER!
Juliano Vitral