O Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulga anualmente os dados relacionados à violência, como número de homicídios, feminicídios, estupro, latrocínio, etc. No último dia 30 de outubro, foram divulgados os dados referentes ao ano de 2016, com dados alarmantes: aumento dos casos de estupro em 3,5% com relação à 2015 (um total de quase 50 mil casos) e aumento dos casos de homicídio em 3,8% com relação à 2015 (um total de 61.619 mortes violentas, ou 7 assassinatos por hora).
Porém, um dos dados mais gritantes foi o aumento no número de assassinatos cometidos por policiais: um crescimento de 25,8%. Foram 4.224 pessoas mortas em decorrência de intervenções de policiais civis e militares, dos quais 99,3% foram homens, 81,8% tinham entre 12 e 29 anos, e 76,2% eram negros. Entre 2009 e 2016 foram 21.897 assassinatos em ações policiais. Verdadeiros números de guerra!
A morte tem cor e classe social
Muitas dessas intervenções policias foram em periferias. E as principais vítimas da polícia tem cor e classe social definida: homens, jovens e negros das favelas.
Cada vez mais aumentam as denúncias de abuso cometido pelos policiais dentro das favelas: arrombamento de imóveis, apreensão de pertences sob justificativa de “mandado de busca coletiva”, revistas vexatórias, fechamento de ruas e becos, impedindo o direito de ir de vir dos moradores, além de abordagens despreparadas que resultam em mortes quase todo os dias.
Menos polícia, mais escola
O que as favelas precisam não é de mais homens armados impondo o medo. As favelas precisam de mais cultura, mais lazer, mais escolas, mais trabalho para seus moradores. As favelas precisam de saneamento básico e estrutura digna para se morar. Mais oportunidade e menos preconceito.
Temos a polícia que mais mata no mundo e não conseguimos reduzir nossos índices de criminalidade. Cada vez fica mais claro que, enquanto não valorizarmos a educação, a cultura e oferecermos oportunidade de emprego digno para a população, não vamos vencer as drogas e a violência. O que mantém a criminalidade é a injustiça social, a concentração de renda nas mãos de poucos, a fome, a falta de esperança. Temos que lutar pelo fim da propriedade privada dos meios de produção, principal causa de toda essa mazela.
Ludmila Outtes, Recife.