Todos os dias, somente em Salvador (BA), trinta e duas mulheres sofrem algum tipo de violência. Apesar disso, há na cidade apenas duas delegacias de combate à violência contra a mulher, que receberam apenas nos três primeiros meses deste ano mais de três mil denúncias de agressão.
Segundo a major Denise Santiago, comandante da Ronda Maria da Penha, “não é fácil romper relacionamentos abusivos quando existe dependência cultural. Tem que ser forte para evitar que seja uma falsa ruptura, que ela termine mas volte depois. É bom procurar uma psicóloga, uma amiga que a escute sem ser punitiva. A delegacia é um recurso quando a violência já estiver ferindo, mas não é a única porta de entrada. A denúncia é uma coisa muito particular e pessoal”.
Os dados demonstram quem a mulher baiana sofre com todo tipo de violência. “São de várias espécies, mas as três principais são: lesões corporais, aqueles casos em que as mulheres chegam com lesões visíveis no corpo; ameaças de todos os tipos, inclusive de morte; e as vias de fato, ou seja, do tipo beliscão e empurrão. Tem também os casos de ofensa, mas é em número bem menor”, aponta a delegada Aída Burgos, responsável pela DEAM do bairro de Brotas, na capital. Ainda segundo a delegada, as mulheres que chegam à DEAM têm, na maioria dos casos, entre 25 e 45 anos, e são, em geral, negras.
Para piorar essa realidade cruel em que vivem as mulheres baianas, não existe por parte da prefeitura nenhuma política de atendimento, muito menos campanhas de educação e prevenção à violência, pois consideram isso “investir muito dinheiro”, conforme foi dito pela sub-secretária de políticas para Mulher, Infância e Juventude de Salvador durante reunião com o Movimento de Mulheres Olga Benario.
Gabriela Valentim, Salvador