No dia 7 de janeiro, primeira terça-feira de 2020, a juventude, trabalhadoras, trabalhadores, foram às ruas indignados com o anual aumento da passagem em São Paulo, um costume rotineiro de conluio da prefeitura da capital com o governo do estado para cobrar preços exorbitantes.
André Molinari
SÃO PAULO – Mesmo não sendo a passagem mais cara da metrópole, uma das mais caras é a de Caieiras e Franco da Rocha (R$4,80), o governador João Dória ao lado do prefeito Bruno Covas (que em tudo segue religiosamente a carteira política de Geraldo Alckmin) subiram a passagem no valor de R$ 0,10 centavos, colocando a passagem em R$4,40.
Os Dados do Transporte Público de São Paulo e Região
Em média o paulistano passa 93 minutos por dia no transporte, o que totaliza em teoria cerca de 46 horas mensais no transporte público em média. 30% dos passageiros fazem viagens diárias que demoram mais do que 2 horas, que totalizaria cerca de 60 horas.
A maioria dos paulistanos de deslocam diariamente cerca de 8,1 km, 18% se desloca mais do que 12 km. Em um mês um passageiro teria se deslocado cerca de 243 km (para referência a distância entre a cidade de São Paulo e a de Rio de Janeiro é de cerca de 360 km).
66% dos passageiros fazem pelo menos uma baldeação todo dia e 25% faz mais de uma baldeação.
Mesmo assim podemos relatar diversos casos que fogem dessas médias, não é difícil encontrar pessoas que atravessam a cidade diariamente, ou atravessam cidades inteiras, diariamente apenas para trabalhar ou estudar.
Uma pesquisa realizada no ano passado, que envolvia 38 metrópoles mundiais, revelou de que proporcionalmente o paulistano é o que mais gasta com transporte público em relação às outras 37 metrópoles! Mostrando de que cerca de 13% do salário do paulistanos vai com gastos em transporte público.
Fotos: Andressa Rodrigues/Jornal A Verdade
O Aumento da Passagem: Atentado Contra os Trabalhadores e a Juventude
O aumento da passagem afeta mais diretamente as trabalhadoras, trabalhadores e a juventude paulista.
Vamos estabelecer um cenário para ilustrar o absurdo dos aumentos constantes da passagem: a maioria dos meses possui cerca de 20 dias úteis, pagando 4 passagens por dia, ele pagaria ao longo do mês R$ 352 reais (passagem à R$4,40). Um estudante universitário, mesmo que pagando metade do valor, num total de R$ 126, tem de tirar dinheiro ou de seus pais ou de seu salário que na maioria das vezes é o que garante a própria universidade.
Algumas coisas tem de ser esclarecidas sobre isso, em primeiro uma grande parte dos trabalhadores brasileiros não possuem auxílio transporte, ou possuem um auxílio que não cobre integralmente o seu deslocamento, em grande parte isso se deve ao grau de trabalho informal existente. Em segundo, isso seria na verdade afirmar de que os trabalhadores e estudantes não tem direito algum além de ir da casa para o trabalho e do trabalho para a casa, o mantra liberal do “direito de ir e vir” só vale para aqueles que tem condições materiais para pagar, que sem necessidade de um estudo rigoroso é evidente de que uma imensa maioria da sociedade não detém.
O questionamento que deve ser direcionado é: quem os senhores João Dória e Bruno Covas acham que são para barrar o acesso da juventude e dos trabalhadores à sua própria cidade? Construída com os esforços dos operários, trabalhadores de serviços, pesquisadores, estudantes, etc. O senhor prefeito e o senhor governador que nunca se esforçaram em construir nada de bom para a nossa cidade se julgam no direito de arrancar aos tostões o direito dos brasileiros aos espaços de sua própria nação!
Não basta dizer que o aumento é um absurdo, pois mesmo à R$4,30 a situação já se tornou insustentável para muitas pessoas. Podemos inclusive ver diversos estudantes saindo de seus cursos e faculdades, faltando e repetindo porque não conseguem arcar com os gastos constantes do transporte, sendo que, novamente isso seria ainda apenas se os cidadãos paulistas apenas precisassem ir para um lugar: trabalho ou faculdade.
Os ditos defensores da família, da liberdade e da segurança fazem com que famílias não consigam se encontrar, que cidadãos não possam circular e usufruir de sua própria cidade, faz com que mulheres esperem de noite em ruas desertas minutos à fio antes de um transporte chegar demoradamente. O fato é de que o transporte público paulista não vale o que cobra!
Por isso, e diversos motivos que poderiam ser levantados sem fim devem-se todos se somar às manifestações contra o aumento da passagem!
A Primeira Manifestação Contra o Aumento da Passagem de 2020
A juventude tomou as ruas ao lado dos trabalhadores lançando palavras de repúdio contra o governador e o prefeito, reivindicando um direito que é deles: o acesso à cidade!
A manifestação saiu da prefeitura de São Paulo, por volta das 18h e seguiu rumo à Avenida Paulista, onde se encerrou. A próxima manifestação está marcada para amanhã, dia 9 de janeiro, às 17 horas na Praça da Sé.