Trabalhadora é atingida no rosto na frente do filho de 5 anos pelo ex-marido

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O Alto-Tietê já registrou em 2018 474 pedidos de medida protetiva. Só no primeiro semestre de 2019 foram 382. Esses dados remontam uma velha tradição patriarcal no Brasil que precisa urgentemente ser superada através da emancipação total da mulher trabalhadora, pois recentemente tivemos mais um caso bárbaro que remonta essa estatística.

Samira Nazário


Momento em que Dayane Ianca Moreira está entrando em casa com seu filho de 05 anos e Wellington Delmiro da Silva chega encapuzado para mata-la. Ele a atingiu no rosto, porém ela sobreviveu.

MOGI DAS CRUZES (SP) – Logo no início de janeiro deste ano (04), em Suzano (SP), nos deparamos com a cruel realidade que acomete milhares de trabalhadoras no Brasil: a violência doméstica e a violência contra a mulher. No dia mencionado, Wellington Delmiro da Silva, na frente do próprio filho de 05 anos, atirou friamente no rosto de sua ex-companheira, Dayane Ianca Moreira, de 23 anos.

A vítima permanece em coma, na UTI do hospital Luzia de Pinho Melo em Mogi das Cruzes. Dayane, que trabalha como frentista, já vinha sofrendo ameaças de seu ex-marido segundo sua mãe. Ela afirma ainda que a vítima fazia papel de mãe e pai para o filho do ex-casal, fato que não impediu Wellington da tentativa do feminicídio.

Diante de tal barbárie, que poderia ter sido mais uma que coloca o Brasil na posição vergonhosa, de 5º país com a maior taxa de feminicídio no mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é evidente o abandono do Estado com a criação e manutenção de políticas públicas para a prevenção de situações como essa.

Dayane Ianca Moreira é trabalhadora frentista e cuida sozinha de seu filho Nathan de 05 anos.

Em agosto, a Lei Maria da Penha, que salvou e salva vida de muitas mulheres brasileiras, completa 14 anos. Porém, o que percebemos é que notícias como feminicídio, perseguição e violência são cada vez mais recorrentes e tornam a vida de mulheres brasileiras apenas números de uma trágica estatística.

Isso só destaca que o Estado precisa investir nos órgãos de apoio, em educação e ações de todo tipo, para acabar o crescimento da violência. Entretanto, a única coisa que o governo de Bolsonaro faz é cortar verbas – que já era reduzido –, além de nada fazer para diminuir o alto índice de desemprego, fato que dificulta ainda mais a inserção de mulheres no mercado de trabalho, já é desigual por si só.

Essa situação em todo país contribui para tornar muitas mulheres dependentes financeiramente de seu agressor e que acabam se mantendo em relacionamentos perigosos, seja para proteger os filhos, seja pela falta de estrutura e inúmeras outras questões.

Dessa forma, é crescente também o número de mulheres lutando e enfrentando o sistema que permeia tal violência de gênero no Alto Tietê, denunciando as injustiças que vivem todos os dias, ocupando cada vez mais espaços na política revolucionária, lutando contra a violência de gênero e se dedicando, principalmente, para promover uma mudança radical no sistema social, econômico e político do país.

Mulheres lutando pela construção do socialismo na região já é uma realidade. Se organizando através do Movimento de Mulheres Olga Benário, estudantes, trabalhadoras e mães afirmaram ao A Verdade que “construir o Socialismo é a única saída para melhorar a vida da mulher trabalhadora, pois nesse sistema patriarcal e capitalista, a injustiça sempre irá dominar, restando para nós somente medo da morte e notícias como a de Dayane todo dia.”