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sábado, 23 de novembro de 2024

Terceirizadas são demitidas em escolas de São Bernardo

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Trabalhadores terceirizados da limpeza são demitidos e prefeito diz que não precisam se preocupar pois receberão cestas básicas

João Gabriel Coelho,
militante da Unidade Popular pelo Socialismo – São Bernardo


Foto: Reprodução

SÃO PAULO – Em meio à pandemia do Covid-19 e à quarentena oficial, os trabalhadores da limpeza das escolas municipais de São Bernardo do Campo sofrem com as demissões executadas pelos patrões e com permissão da Prefeitura. 

Na última semana 180 auxiliares de limpeza, em sua grande maioria mulheres, foram demitidas pela empresa Guima Conseco, empresa terceirizada responsável pelos serviços de limpeza prestados aos equipamentos públicos municipais da cidade.

As demissões ocorreram em um acordo entre a empresa e a prefeitura: a atual gestão suspendeu o contrato argumentando que precisa de mais recursos para investir na saúde e, em nota, disse que os trabalhadores serão readmitidos após o fim da quarentena, quando as escolas voltarem ao seu funcionamento normal. 

O Prefeito Orlando Morando (PSDB) declarou em que os trabalhadores não precisam se preocupar e não irão passar necessidade, pois a prefeitura irá doar cestas básicas à essas famílias.

Edileuza Lima, trabalhadora de uma das escolas da região declarou em entrevista ao jornal A Verdade: “Eu sou uma dessas que foi dispensada e fiquei sem meu emprego. Quase 8 anos trabalhando e dando o meu melhor na escola em que trabalhava”. Após anos entregando seu suor e garantindo o lucro de uma grande empresa de serviços terceirizados, no momento mais difícil do último período os trabalhadores são demitidos e jogados à própria sorte por seus patrões.

Prefeito Orlando Morando não entende a realidade dos trabalhadores da cidade

Os auxiliares da limpeza recebem, em sua imensa maioria, um salário mínimo por mês. São uma categoria formada majoritariamente por mulheres negras, mães e que, em muitos casos, são as principais responsáveis pelo sustento de suas famílias. Demitir essas trabalhadoras numa situação de pandemia significa tirar de centenas de famílias do município a possibilidade de pagar as contas no final do mês. 

Carla Hassel, moradora da cidade, opinou sobre a situação: “Até quando os mais necessitados serão tratados com tanta indiferença? Acham que uma cesta básica mantém uma família por um mês, estou indignada e extremamente triste”.

Dizer que os trabalhadores serão readmitidos após o fim da quarentena é pura demagogia

Apesar de sua promessa, o prefeito não deu nenhuma garantia aos trabalhadores. A verdade é que a rotatividade entre os trabalhadores terceirizados é muito grande. Nessa situação, há grande probabilidade de que os demitidos não sejam readmitidos por escolha da empresa, seja para garantir maiores lucros, seja por perseguição a determinados trabalhadores, em especial àqueles que não aceitam a exploração e lutam por seus direitos. 

Outra prova da demagogia de Orlando é que esse discurso tenta esconder o grave crime que é demitir trabalhadores em meio à uma crise generalizada como a atual, fazendo com os mais pobres paguem com suas vidas pela situação que enfrentamos.

Por fim, argumentar que a demissão desses trabalhadores irá liberar mais verba para a saúde é mais um absurdo. São Bernardo está entre as cidades mais ricas do país, com uma das maiores arrecadações de impostos, como é possível que para poder investir na saúde seja necessário deixar os trabalhadores pobres sem salário e sem condições de colocar comida na mesa? 

Se demitir funcionários fosse o único caminho, seria melhor o prefeito Orlando Morando demitir aqueles que colocou em cargos de confiança e que estão envolvidos em esquemas de desvio de verba da Prefeitura, conforme denunciou a Polícia Federal quando indiciou e pediu o afastamento do Prefeito. 

O fato é que mais uma vez a Prefeitura de São Bernardo toma o lado dos patrões e, junto com estes, prejudica os trabalhadores permitindo essas demissões. No entanto a luta dos movimentos sociais cresce nessa situação de calamidade, não só através das denúncias, mas também através da organização do povo e da construção da solidariedade e das lutas reivindicatórias em defesa da vida e dos direitos do povo pobre e trabalhador da cidade.

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