Thiago Santos
Unidade Popular Pelo Socialismo
Em novembro de 2019, o presidente da República, o fascista Jair Bolsonaro, após perder a maioria do PSL (Partido Social Liberal), decidiu criar um partido político: o Aliança pelo Brasil.
Quando foi anunciada a criação da organização política, Flávio respondeu à imprensa, em novembro do ano passado, que “Se Deus quiser, ainda este ano a gente consegue essas assinaturas”. Parece que Deus não quis: até o dia 25 de março, passados quatro meses do início de coletas das assinaturas necessárias à criação da nova agremiação, o partido conta com apenas 9.915 apoiamentos aceitos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Isso representa 2,02% do total de firmas necessárias para que o TSE leve o pedido a julgamento.
Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, 13.977 formulários, ou seja, 58,50% deles, foram rejeitados. Até mesmo assinaturas de sete eleitores falecidos surgiram entre os supostos apoiadores, e foram devidamente rejeitadas pelos cartórios eleitorais. Atualmente, 5.499 fichas de apoiamento esperam pela análise dos cartórios eleitorais.
Segundo a lei dos partidos políticos, os fundadores de uma agremiação têm que recolher assinaturas de quase 492 mil pessoas que não estejam filiadas a nenhum partido e estejam em dia com suas obrigações eleitorais.
Desde a introdução de exigências que tornaram o processo de criação mais difícil, com a reforma da lei, em setembro de 2015, somente conseguiu o registro no TSE: a Unidade Popular, partido que defende o povo no poder e o socialismo. O julgamento da UP teve início em 24 de outubro e término em 10 de dezembro de 2019, após a validação de 499 mil assinaturas coletadas ao longo de dois anos, que é o prazo limite para recolhimento das firmas.
Diferente do fracasso que foi a empreitada para criação do Aliança pelo Brasil, a Unidade Popular está apta a disputar o processo eleitoral de 2020. Mas as diferenças não param por aí: a Unidade Popular nasceu da reunião de lutadores sociais formados na luta sindical, por moradia, em defesa dos interesses da juventude e das mulheres, em torno de um propósito político que pretende libertar o país da espoliação imperialista, colocar fim à acumulação de riquezas nas mãos de uma minoria de bilionários à custa da exploração de milhões de pessoas vivendo miseravelmente, bem como a defesa de um modelo político em que todo o povo possa participar das decisões políticas mais importantes: o poder popular.
O reconhecimento do fracasso veio no último dia 25, com a filiação de seus filhos Flavio Bolsonaro, senador, e Carlos Bolsonaro, vereador, ao PRB, partido de Marcelo Crivella, prefeito do Rio. Colecionando derrotas, vendo seu governo ser atacado por quase todas as forças políticas do país, à exceção dos banqueiros, altos mandos militares e parte da imprensa que ainda o apoia, os seguidores da política fascista e antipovo do presidente terão que seguir buscando legendas de aluguel para lançarem seus candidatos nas eleições de 2020, ou revelarão seu verdadeiro caráter antidemocrático cancelando a ida do povo às urnas.
A derrota de Bolsonaro no seu intento de criar um partido fascista para as eleições de 2020 revela sua fraqueza e demonstra que sua política pode e deve ser derrotada. Cabe à classe trabalhadora e ao povo pobre do Brasil, portanto, além de derrotar os candidatos dele nas urnas, derrotar o projeto político de ataques às liberdades democráticas e de crise econômica para o povo pobre através da luta de rua; e, assim, tornar efetiva a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e seu governo!