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quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Brigadas de solidariedade e a Covid-19 no Alto Tietê

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Brigada de Solidariedade em Mogi das Cruzes. Foto: MLB/SP

Pedro Dragoni, Suzano-SP

De acordo com informações oficiais atualizadas, a região do Alto Tietê paulista soma 1.370 casos confirmados de COVID-19 e 131 mortes. As cidades de Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba e Suzano lideram o ranking de infectados e mortos pelo novo vírus. Em Mogi já se somam 30 mortes de 402 casos, e o bairro mais afetado tem sido o de Jundiapeba (divisa entre Suzano e Mogi) onde há 28 infectados – até a data presente.

Não é por acaso que o bairro que mais vem sofrendo com a atual crise da pandemia justamente seja Jundiapeba. A situação de pobreza acentuada, o descaso do poder municipal e a violência marcam o panorama do bairro. Se de modo geral vê-se extrema precariedade; de modo particular a comunidade da ‘rua do cano’ é ainda pior. Barracos de madeira, fome, desemprego e o medo dos moradores de serem despejados a qualquer momento devido estarem residindo em um terreno de propriedade da empresa CTEEP.

No último dia 19 foi realizada a Brigada de Solidariedade no bairro, com atenção especial aos moradores da “rua do cano”. Além da distribuição de cestas básicas, das conversas com as famílias e das recomendações de higiene, foi feito diálogo com os moradores no sentido de esclarecimento político por meio do Jornal A Verdade. Foi ressaltado que a crise que o Brasil sofre é de responsabilidade do desgoverno atual. Na ação se reafirmou que a pequena ajuda feita aos moradores não é mera caridade, mas sim uma demonstração real da solidariedade de classe tão necessária neste momento e de que somente a organização e luta dos explorados pode ser a ferramenta decisiva por uma vida melhor e mais digna.

Com cinco mortes a menos do que Mogi, a cidade de Suzano soma 25 mortos de um total de 261 casos. Além da crise em si do COVID-19 e da falta de estrutura da saúde pública municipal para atender um número de casos que aumenta exponencialmente, o município enfrenta uma crise econômica onde os pequenos comércios ou estão fechando as portas, ou estão em grave dificuldade devido à desastrosa política econômica do governo neoliberal de Bolsonaro que privilegia o sistema financeiro, os bancos em detrimento das classes trabalhadoras e dos pequenos e médios comerciantes.

A situação global nos mostra diariamente que a medida de isolamento social é vital para conter o número de contágios. No entanto, os governos precisam dar respostas e subsídios ao povo para que se efetive a quarentena pelo tempo que seja exigido sem fazer com que as condições de vida de grande parte da população piorem substancialmente.

No Alto Tietê paulista, assim como no Estado de São Paulo como um todo, a extrema-direita procura estabelecer um caos ainda maior na população por meio do terrorismo nas redes sociais e das “carreatas da morte” buscando sempre justificar a morte das pessoas. No meio desse turbilhão todos nós estamos assistindo uma suposta briga entre o governador João Dória e Bolsonaro. Além de todo tipo de manipulação feita pelos apoiadores do presidente fascista que se possa imaginar, a questão central é: não é uma ‘briga’ entre comerciantes por um lado contra as medidas do governo estadual do outro. Nem tampouco é o presidente e sua base aliada contra os ‘inimigos’ governadores.

Vamos colocar de modo prático: é o Estado burguês brasileiro como um todo contra a classe trabalhadora e setores pequenos e médios. Em uma conjuntura tão calamitosa como esta, o Banco Central liberou 1.2 trilhão de reais aos bancos (sem burocracia e nem filas) enquanto o povo pobre enfrenta filas e toda sorte de obstáculos para receber um auxílio emergencial de valor tão irrisório. Isto é, é preciso que se tomem medidas para salvar vidas e para não prejudicar aqueles que produzem – que trabalham. Não é caindo no ‘canto da sereia’ do fascismo que os comerciantes e autônomos, arriscando sua saúde e de todos a sua volta, que sua situação irá ser melhorada. Se o cenário é de desastre, ações concretas devem ser feitas para que se possa começar a sair do buraco no qual nos encontramos.

Os investimentos devem ser certeiros nas áreas fundamentais e dinheiro é o que não falta! As propostas de redução nos salários dos prefeitos, vices e secretários; revogação da MP 936 que permite corte de 25%, 50% ou 70% do salário e suspensão do contrato de trabalho; garantia de renda mínima no valor de 1 salário-mínimo e desburocratização no acesso ao benefício; revogação das demissões, estabilidade nos empregos até o fim do ano; fim da negociação patrão x empregado sem mediação dos sindicatos precisam são uma necessidade também do povo do Alto Tietê.

É possível conter uma tragédia ainda maior em nosso país. As lutas por melhores condições de vida e de enfrentamento ao vírus passarão inevitavelmente por uma profunda mudança de rumos não só da política econômica atual, como do próprio poder politico onde a conscientização das classes exploradas é o nervo central da ação militante em um período histórico que a tendência à acentuação da barbárie do capitalismo e do autoritarismo reacionário está na ordem do dia da burguesia brasileira e do imperialismo mundial com os EUA à frente.

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