Por Gabrielle Cabral
SANTOS/SP – A prefeitura de Santos determinou a mais de uma semana a reabertura das praias sem restrição de horário. Logo no primeiro fim de semana da decisão já se consolidou o cenário que permaneceria até o anoitecer: uma aglomeração digna dos dias quentes de verão na Baixada Santista. A ação vai ao encontro das medidas orientadas pelos fascistas no governo federal e do estado de São Paulo e escancara o descaso com a vida do povo e a priorização dos interesses dos ricos e comerciantes.
Entre os municípios da região da Baixada Santista, a cidade de Santos é a que mais registra contaminados pelo Covid-19 diariamente. Apesar de ter entrado para a fase amarela do plano estadual de “combate” ao novo coronavírus o município registrou mais de 500 novos casos da doença na última semana, acrescendo o número de 11 mil infectados e quase 400 óbitos. Além da reabertura das praias, voltaram a funcionar os bares, restaurantes, salões de beleza e academias.
Enquanto as fotos e vídeos comprovam o grande número de pessoas se aglomerando nas praias e nos bares sem usar máscaras, os trabalhadores e trabalhadoras da cidade são expostos ao vírus em seus locais de trabalho, no transporte público e nas ruas para garantir o lucro de seus patrões e o lazer de um grupo privilegiado de santistas e turistas.
O resultado dessas medidas já é conhecido, a retomada do comércio e abertura das praias na Flórida (EUA) fez com que o número de casos acumulados em 4 meses triplicasse no mês de junho em um dos principais estados do país. No Brasil, país onde o vírus mata principalmente a população pobre e negra, cidades como a de Belo Horizonte foram obrigadas a retroceder com as medidas de flexibilização após o crescimento alarmante dos infectados e a falta de leitos pelo Sistema Único de Saúde.
Não é preciso muito para imaginarmos como estará a situação da principal cidade da região com a continuidade da flexibilização e as consequências disso para uma cidade que conta com um dos maiores portos do país, no qual circulam pessoas de várias regiões do país e do mundo e onde milhares de famílias vivem na maior favela de palafitas da América Latina.
Entretanto, para o prefeito Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) a solução é realizar uma transmissão ao vivo dando “bronca” nos munícipes por se aglomerarem e propondo aumento no valor das multas para quem não utilizar máscara e não respeitar o distanciamento mínimo. A verdade é que assim como o playboy João Dória e o genocida Jair Bolsonaro, os prefeitos de Santos e região não estão realmente preocupados com nossa vida e nossa saúde.
O motivo de não desejarem o aumento no número de casos é porque isso significaria o fechamento do comércio e o prejuízo dessa parcela de patrões que apoiam e financiam suas candidaturas.
Apenas a luta da população em defesa de direitos trabalhista, do SUS, por água, saneamento básico e condições de realizar uma quarentena digna podem, somadas às iniciativas de solidariedade, garantir a saúde e a vida. A pandemia deixou nítido que só o povo salva o povo e que a organização dos trabalhadores e trabalhadoras na região para construir uma alternativa a esses políticos genocidas é urgente.