Núcleo das Estudantes Secundaristas do ABC
Movimento de Mulheres Olga Benario
SANTO ANDRÉ (SP) – Mesmo em meio a uma pandemia, os ataques à educação não cessam, reafirmando os diversos problemas que o nosso país possui em seu sistema de ensino.
A situação é ainda mais grave quando encaramos as opressões que existem dentro das nossas escolas, que tornam o ambiente ainda mais difícil para a vida e permanência dos estudantes, principalmente meninas, nessas instituições.
A gravidez na adolescência também se mostra como fator determinante para o abandono dos estudos, pois 75% das mães adolescentes abandonam sua educação (Opas/Unicef, 2017) para se dedicar à maternidade. Em 2018, cerca de 15% do total de nascidos vivos foram de mães com idade de até 19 anos (SINASC).
Além disso, os casos de machismo, assédio e estupro de menores de idade crescem a cada dia em nosso país. Em 2018, das 66 mil vítimas de estupro, 53,8% foram meninas de até 13 anos (Segurança Pública). Diversas estudantes declaram que sofrem assédio nas escolas diariamente, e as direções nada fazem sobre isso, quando não culpabilizam as alunas por suas vestes.
Apesar dos dados alarmantes, esse governo fascista nada faz para mitigar a violência sofrida por nossas jovens. Muito pelo contrário, com discursos conservadores, como a proposta da Escola sem Partido – que visava acabar com a educação sexual, já quase escassa, nas escolas. Ou com a campanha de “abstinência sexual”, proposta pela ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.
Além disso, há ataques diretos, como o caso da menina, grávida aos 10 anos por estupros oriundos de seu próprio tio, que teve seus dados divulgados por grupos de extrema direita e a tentativa de um grupo conservador de impedir seu aborto, garantido por Lei.
Esses fatos mostram a necessidade de nos organizarmos e lutarmos pela vida de nossas estudantes. Travando lutas pela permanência das meninas nas escolas, contra o assédio, por uma educação sexual para a prevenção de violências e gravidez não planejadas. Também devemos lutar pelo cumprimento da Lei Maria da Penha para todas as mulheres, incluindo as menores de idade, garantindo o atendimento de todas as mulheres em situação de vulnerabilidade.
Pensando nisso, secundaristas do ABC, organizaram um núcleo para tal público alvo, através do Movimento de Mulheres Olga Benário, contando com meninas de diferentes escolas.
O núcleo tem realizado a formação das secundaristas participantes, promovido aulas abertas sobre as leis e a rede de equipamentos que realizam atendimento de menores de idade. Também tem se somado à luta dos demais secundaristas contra a volta às aulas, enquanto nossas alunas e alunos estiverem sob risco de se contaminar pelo coronavírus, e apoiando a merenda solidária da ARES-ABC, que tem realizado arrecadações e doações para os estudantes que mais precisam neste momento.
Nesse cenário em que vários dos nossos direitos estão sendo cortados e as opressões tem aumentado, é necessária a nossa organização. Derrubar um sistema que se estrutura sob explorações e a construção de uma nova sociedade, onde as mulheres sejam livres, de fato, é dever de quem se indigna diante das mazelas criadas pelo capitalismo! Por isso, convidamos todas as mulheres, em especial as secundaristas a se organizarem com a gente, para juntas, criarmos resistência às injustiças que vivemos e construirmos uma sociedade onde a vida valha mais do que o lucro.