Yago Amador,
Presidente da Associação Regional dos Estudantes Secundaristas do Grande ABC Paulista (ARES-ABC)
Foto: Reprodução / ARES-ABC
SÃO PAULO – Ao longo dos anos, a população do estado de São Paulo vem sofrendo com aumentos abusivos dos custos do transporte público e consequentemente a retirada de direitos, especialmente os mais pobres, de se locomover. Na linha contrária das promessas de prosperidade que o ano novo trás, para o governador João Doria (PSDB), a resolução de ano novo é a de piorar as condições de vida do povo.
Sempre justificam-se os aumentos abusivos das passagens de ônibus, metrô e trólebus com a desculpa de que há necessidade de reajustar o valor oriundo de toda a manutenção, gastos gerados pelo transporte público e as melhorias realizadas. Entretanto, o que se vê são os mesmos ônibus cada vez mais precários, redução de frotas e o dinheiro do povo indo parar diretamente no bolso das pessoas que monopolizam as empresas de transporte.
Os impactos causados não se resumem ao aumento de poucos centavos. De 2012 para 2021 a tarifa aumentou cerca de R$1,40, quase dobrando de tamanho e dificultando o acesso à cidade para grande parte da população. Hoje não há na região metropolitana de São Paulo qualquer direito ao passe-livre estudantil aos estudantes secundaristas e universitários que têm que pagar para ter acesso ao seu direito de estudar. Um estudante que necessite ir e voltar de ônibus da escola em São Bernardo do Campo gasta quase R$300,00 mensalmente, os que moram em regiões afastadas podem gastar o dobro. Isso porque os cartões estudantis disponíveis hoje cada vez mais limitam quem os utiliza, fazendo com que poucos minutos após o tempo do horário cadastrado já invalide seu uso, além da demora e burocracia para acessá-los. Nas sete cidades do ABC existem apenas cinco capitalistas no controle de todo o transporte coletivo.
Em 2021 não há ainda garantias de que não haverá aumento nas passagens, entretanto o Governo do Estado ataca novamente os direitos do nosso povo e retira a regulamentação que permite a gratuidade do transporte para as pessoas entre 60 e 64 anos de idade, com a justificativa de aumentar o lucro e atingindo diretamente milhares de pessoas. Hoje o governo do fascista Jair Bolsonaro e do Estado de São Paulo (e municipais relacionados) alinham-se na precarização dos direitos conquistados com muita luta pelo nosso povo, como são exemplo as reformas aprovadas que jogam nosso povo no trabalho informal e intermitente até sua velhice, sem direito à saneamento básico, saúde, educação, moradia e dignidade.
No dia 12 de Janeiro será a vez das prefeituras do ABC Paulista discutirem a retirada de direitos da população mais velha e não há resposta que não passe pela luta contra a precarização. Por isso, um ato será realizado em frente ao consórcio intermunicipal.
Com o avanço do coronavirus e o aprofundamento da carestia do nosso povo, torna-se imprescindível a diminuição dos custos de vida para barrar e impedir que mais mortes ocorram e isso envolve a facilitação ao acesso ao transporte e sua melhoria e não ao impedimento e precarização.
A realidade é que o lucro é colocado acima da vida para aqueles que hoje estão no poder das cidades do ABC Paulista, entretanto, nossa juventude tem um papel histórico na luta e conquista pelos seus direitos. As cidades devem ser nossas e não devemos lutar só contra esse ataque, mas também reivindicar a diminuição das tarifas e o passe-livre estudantil. Enquanto houver desigualdade, a luta será um serviço essencial!