Yago Amador
SÃO PAULO (SP) – Na terça-feira (23/02) o Governo do Estado de São Paulo, mediante leilão, concedeu à iniciativa privada o Zoológico, o Zoo Safari e o Jardim Botânico do Estado. Os três equipamentos somam uma área de 700 hectares dentro do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, a terceira maior reserva ambiental do município de São Paulo, e foram concedidos por 30 anos pelo valor de R$111 milhões.
Os equipamentos não são áreas de lazer quaisquer, possuem uma grande importância histórica, são essenciais para a educação ambiental no estado e estão localizados em um dos mais significativos remanescentes de Mata Atlântica em área urbana do país.
O Jardim Botânico, por exemplo, possui 380 espécies de árvores nativas e estrangeiras com importância essencial para a pesquisa e conservação, tem um índice de sementes com 379 lotes de 182 de espécies, sendo 11 delas pertencentes a alguma categoria de ameaça de extinção, abriga uma das nascentes do Rio Ipiranga e o córrego Pirarungáua, afluente do histórico Riacho do Ipiranga, e possui em sua fauna espécies animais nativas da Mata Atlântica, como o Búgio-Ruivo, Bicho-Preguiça e cerca de 140 espécies observadas de aves.
Já o Zoológico de São Paulo cumpre um papel importante como centro de conservação que integra as ações em cativeiro e na natureza. Pioneiro no Brasil por desenvolvimento de programas e técnicas de conservação e reprodução de animais em risco de extinção, possui cerca de 3 mil espécies exóticas e nativas, com espaços dedicados à educação ambiental.
Com a concessão esses equipamentos fundamentais para a conservação da fauna e da flora da Mata Atlântica, bioma original da região que hoje possui menos de 20% de sua cobertura original, deixarão de ter esse objetivo e passarão a ser utilizados como fonte de lucro para os novos proprietários; um dos efeitos prováveis é o aumento contínuo do preço dos ingressos, que tornará os equipamentos menos acessíveis à população. Fato é que com a concessão o Estado terceiriza sua responsabilidade sobre a manutenção e expansão dos equipamentos e sobre a política de preservação e conscientização ambiental, passando essas funções para o mercado.
Há muito tempo profissionais das ciências biológicas, veterinárias e ambientais buscam mostrar que os zoológicos cumprem um importante papel na conservação e reprodução de espécies ameaçadas, entretanto, com a privatização, abre-se espaço para que sua principal função volte a ser a simples exposição de animais. O Governo do Estado diz apoiar a autonomia dos pesquisadores e se responsabilizar pela pesquisa e programas de conservação realizados pelo Zoológico e Jardim Botânico, mas constantemente ataca e boicota tanto os profissionais da área quanto os equipamentos públicos que garantem esse trabalho.
No Brasil é urgente avançar as políticas de preservação ambiental, garantindo espaços de recepção da fauna silvestre, programas de educação ambiental e o controle popular do meio ambiente; o país possui uma das faunas e floras mais ricas e diversificadas do mundo, porém o avanço brutal do capitalismo tem causado uma destruição da natureza cada vez maior e com consequências mais graves. Fato é que os governos dos ricos, como o do Governador de São Paulo João Dória (PSDB), têm permitido que os grandes capitalistas coloquem as mãos sobre os recursos naturais do país e os utilizem em nome do lucro, causando uma destruição que coloca a classe trabalhadora para viver em péssimas condições, afetada pela poluição do ar, da água e de outros efeitos da não preservação do meio ambiente.