João Gabriel e Roberta Pereira
SÃO PAULO – O conjunto das entidades estudantis do Instituto Federal de São Paulo (IFSP), campus São Paulo, receberam no dia 23 de abril um comunicado, via site do campus, sendo convocadas a desocuparem as sedes das entidades, retirarem os materiais que pertencem aos estudantes e devolverem qualquer bem que pertença ao IFSP. Sem sequer se reunir com as representações para justificar ou esclarecer tal medida, o diretor recém eleito e empossado, a cerca de uma semana, Alberto Akio Shiga, deu suas “boas vindas” aos estudantes com essa, que foi, a primeira ação da nova gestão.
No IFSP, os estudantes são exemplo e linha de frente da luta em defesa de uma educação pública, gratuita e de qualidade, organizados pelas entidades estudantis locais, pela Federação Nacional dos Estudantes de Ensino Técnico (FENET) e pelo Movimento Correnteza. As mobilizações no último período, inclusive, não têm sido só para manter direitos, mas avanços e conquistas têm acontecido e levado a luta adiante.
A autonomia estudantil, com a garantia de espaços que garantam as condições de reunião e organização, de estudo, de lazer e comunhão entre os colegas, é fundamental. Cada sala de entidade do campus São Paulo foi conquistada pela luta de anos construída pelo Grêmio Livre Charlie Chaplin e pelos diversos Centros Acadêmicos do campus, como o da Física, da Geografia, da Engenharia Civil, Arquitetura e Turismo, à qual se integraram novas entidades, criadas para fortalecer a luta em defesa da permanência estudantil, da democracia e contra o autoritarismo na na instituição.
Diante disso é indignante essa medida, que afasta o IFSP do caminho de construção de uma educação que coloque os estudantes como protagonistas do processo de ensino e aprendizagem e também da política e administração da instituição.
Perseguição aos estudantes é regra no Governo Bolsonaro
Desde o início de seu governo, o fascista Bolsonaro e seus ministros inauguraram novas maneiras de atacar a educação pública brasileira, sempre alinhando seus interesses políticos e econômicos de destruição da universidade pública e de enriquecimento dos tubarões do ensino; enquanto os grandes empresários da educação enriquecem, as universidades públicas, que recebem uma quantidade cada vez maior de estudantes pobres, assistem seu orçamento ser reduzido. Com a resposta imediata das organizações estudantis, que mobilizaram imensas manifestações em defesa da educação, Bolsonaro precisou atacar diretamente os próprios estudantes e suas organizações, que representavam a maior resistência aos seus desmandos e sua política antipovo.
Até agora o maior inimigo da educação brasileira já roubou milhões de reais da formação da nossa juventude com cortes e contingenciamentos de verba, dinheiro que sai da educação e é usado para comprar políticos e enriquecer seus familiares. Só do IFSP, nesse ano, Bolsonaro roubou 21% do orçamento anual, que foi aprovado há poucos dias; além disso, rompeu com a democracia e desrespeitou a comunidade acadêmica infiltrando interventores em mais de 22 universidades em todo país, tentou boicotar a auto sustentação das entidades estudantis, lançando a fajuta carteira de estudante online e deixou milhões de estudantes distantes das aulas atrasando o programa de entrega de chips às universidade em quase 10 meses. Isso tudo aconteceu debaixo de uma gigantesca resistência estudantil, que luta diariamente contra interventores e gestores dispostos a passar por cima dos estudantes para levarem a cabo essa série de ataques.
Nesse sentido, continuam erguidas as bandeiras que unem os estudantes de todo o IFSP em defesa de seus direitos, em defesa das entidades e da autonomia estudantil. A luta continua por um IFSP que respeite o protagonismo dos estudantes e seja construído de maneira cada vez mais democrática!
A Federação dos Estudantes do Ensino Técnico (FENET) e o Movimento Correnteza, que constroem diversas entidades do IFSP, seguirão mobilizando estudantes em torno dessas lutas! Somente assim será possível conquistar melhores condições de ensino, e permanência estudantil, barrar os cortes do governo Bolsonaro e garantir educação pública, gratuita e de qualidade. Os estudantes que se somaram no último período aos dias mais intensos de mobilização estudantil estão dispostos a se manter em luta!