Guilherme Piva
INTERNACIONAL – A ciência e a sociedade perdem um de seus grandes homens. Faleceu no último domingo (4), aos 92 anos, o biólogo Richard Charles “Dick” Lewontin. A única coisa que se sabe é que sua saúde já estava debilitada.
Lewontin era professor da Universidade de Harvard, e foi um dos mais reconhecidos marxistas dentro da biologia. Além de contribuir de maneira importantíssima para a biologia evolutiva, onde ajudou a desenvolver as bases matemáticas da biologia populacional e teoria evolutiva, além de introduzir em 1979 ao lado de Stephen Jay Gould o termo “spandrel” – que significa uma característica biológica evoluída que aparece como resultado de modificações numa outra característica – se destacou também por grandes contribuições teóricas no combate ao determinismo biológico e aos que buscam usar a ciência biológica para justificar o racismo e a misoginia, e pela defesa da dialética enquanto método e instrumento fundamental à biologia.
Algumas de suas principais obras são: “O Biólogo Dialético” (1985), “Not in our genes: Biology, Ideology and Human Nature” (1984) e “Biologia como Ideologia: a doutrina do DNA” (1991).
Em diversas obras, entre livros, artigos e ensaios, Lewontin critica a crença de que a biologia e, mais especificamente a genética, explica tudo, desde fenômenos biológicos a sociais, e que ignora a influência da cultura na evolução biológica, e da ideologia dominante na sociedade sobre a própria ciência e os cientistas, contribuindo para a compreensão do cientista enquanto sujeito político e defendendo a necessidade da sociedade socialista. De sua vida e obra, permanece um rico referencial teórico e prático para uma ciência que sirva ao povo e compreenda seu papel no combate às opressões, ao capitalismo e na construção da nova sociedade.
“Por um lado, a ciência é o desenvolvimento genérico do conhecimento humano ao longo dos milênios, mas, por outro lado, é o produto específico cada vez mais mercantilizado de uma indústria do conhecimento capitalista.” (Richard Lewontin)