Trabalhadores recolhem lixo do carnaval

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Garis limpam a sujeira do carnaval

O carnaval do Recife deste ano, como ocorre há 35 anos, começou com o Galo da Madrugada, no dia 18 de fevereiro, às nove da manhã. Às quatro da tarde,  enquanto os trios elétricos ainda arrastavam uma multidão, cerca de 500 garis entravam em ação para recolher o lixo produzido por dois milhões de pessoas –  ou seja, um gari para 4.000 pessoas.

 Às cinco da manhã do domingo (19), haviam sido recolhidas 150 toneladas de lixo e entulhos. Além disso, às duas da madrugada (do sábado para domingo), a operação limpeza começou com a lavagem do local de desfile do Galo, do Recife Antigo, dos polos descentralizados e dos polos comunitários.

 Cerca de 670 mil pessoas circularam diariamente pelo Bairro do Recife e polos descentralizados, enquanto 1.027 trabalhadores cuidavam da limpeza da cidade, ou seja, um gari para cada 651 foliões! Para assegurar a eficiência do bloco da limpeza urbana, nada de contratar mais funcionários. A solução encontrada foi utilizar 39 veículos leves e 14 motocicletas para fiscalizar os trabalhadores.

Números recordes em todos os segmentos: 710 mil visitantes (20 mil a mais que 2011); R$ 32 milhões de investimentos em patrocínios e recursos próprios; e 394 toneladas de lixo (duas toneladas a mais que no ano passado), além de 4,1 toneladas de resíduos recicláveis.

O incremento econômico na economia da cidade foi de R$ 595 milhões (superando em 15% o incremento econômico gerado pelo carnaval de 2011). O custo total para manter a cidade limpa durante o carnaval: R$ 650 mil.

Para os trabalhadores da limpeza urbana, o saldo da folia, somente no Galo da Madrugada, foi de 300 quilos de lixo removido por cada funcionário. A média de remoção de resíduos por trabalhador envolvido na Operação Carnaval foi de 387,64 quilos de lixo por agente de limpeza, entre o sábado e a Terça-Feira Gorda.

Em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, cidade que é Patrimônio Cultural da Humanidade (segundo a Unesco), foram recolhidas aproximadamente 200 toneladas de lixo do Sábado de Zé Pereira até a terça-feira. A operação envolveu cerca de 360 agentes de limpeza urbana, ou seja, uma média de 556 quilos de lixo removido por cada funcionário nos dias de folia! Para completar, 90 homens cuidaram da higienização de 273 cabines sanitárias durante os quatro dias de carnaval.

Em quatro dias de carnaval, um turista hospedado no Recife gastou R$ 1.912, enquanto um agente de limpeza continua ganhando míseros R$ 639,12 por mês para deixar a cidade limpa, durante o ano todo.

A verdade é que pouco mais de mil homens e mulheres limparam as nossas cidades para milhares de foliões. Entretanto, eles não viram a cor do chamado “incremento econômico” gerado nos dias de carnaval e, do Reinado de Momo, muito menos as receitas destinadas aos investimentos nos dias de festa. Somente unidos para lutar por melhores salários, mais contratações e melhores condições de trabalho é que poderemos acabar com a superexploração dos trabalhadores que cuidam da limpeza das nossas cidades.

Thiago Santos, Recife