Carolina Matos
SÃO PAULO – A Associação Mata Ciliar (AMC), entidade atuante no acolhimento e cuidado de animais silvestres no estado de São Paulo, recebeu no último sábado (22) um ofício do governo estadual indeferindo autorizações de instalação e de uso e manejo da fauna silvestre. Na prática, o indeferimento significaria a paralisação das atividades da associação, que existe há 35 anos e já recebeu cerca de 40 mil animais debilitados.
Após a AMC divulgar a orientação do ofício, uma grande mobilização nas redes sociais denunciou a ameaça do governo Dória às atividades da associação, que, apenas em 2021, atendeu 7.106 animais de 83 municípios paulistas, vítimas de atropelamentos, tráfico, queimadas e dos mais diversos ataques e acidentes. A onda de indignação fez o governo recuar e declarar que uma nova autorização provisória para assistir os animais será cedida, alegando que o parecer no ofício recebido pela AMC foi lançado no sistema por um “erro administrativo”.
Interesse econômico ameaça área voltada para reabilitação de animais silvestres
Há 27 anos, a Mata Ciliar atua em uma área de 30 mil m², em Jundiaí, interior de SP, que funciona como Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS), e busca regularizar as atuais funcionalidades do território junto ao poder público.
Em 2019, o governo do Estado tentou leiloar a área do CRAS, mas a proposta declinou temporariamente devido à forte reação de ativistas e simpatizantes da causa animal.
Mais recentemente, em 2021, o consórcio de administração de aeroportos privados VOA SP entrou com uma ação de despejo contra a Mata Ciliar, exigindo a retirada de mais de 130 animais da área em 48 horas. A ação não foi para frente, mas ainda aguarda julgamento.