Leonardo Chimendes*
Na tarde desta segunda-feira (24), foi encontrado pela Polícia Militar um jovem de 20 anos chorando à beira da estrada ERS-135 em Passo Fundo, no norte do estado do Rio Grande do Sul. Este jovem tinha fugido de uma obra na cidade, onde encontrava-se em situação de trabalho escravo.
Ele morava em Sapucaia do Sul, cidade da região metropolitana de Porto Alegre e recebeu uma proposta de emprego para trabalhar em uma obra na cidade de Passo Fundo com a promessa de um salário de R$ 1.200,00. Contudo, após mais de um mês de trabalho, ele não recebeu pagamento algum em dinheiro pelo seu trabalho, estava recebendo, segundo relato, apenas pão e mortadela, de alimentação, por parte do patrão. O nome da empresa e o do patrão não foram divulgados.
Infelizmente o caso não é raridade no estado. No ano passado, 16 trabalhadores foram resgatados em uma obra das maiores empreiteiras do país, a MRV, em Porto Alegre e São Leopoldo. Segundo levantamento da Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) do Ministério da Economia, desde 2005, ocorreram 361 resgates, uma média de 22 casos por ano.
No Brasil, desde 1995 foram resgatadas mais de 55 mil pessoas em situação análoga à escravidão. Isto acontece porque no sistema capitalista a ganância dos ricos e poderosos não para nem mesmo em meio a uma das maiores crises econômica e sanitária da história da humanidade.
No governo do fascista Bolsonaro já se projeta, conforme pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OTI) divulgada no início deste ano, que o Brasil irá bater os 14 milhões de desempregados em 2022, ou seja, milhões de trabalhadores e trabalhadoras que estão sendo jogados para a informalidade por não terem outra alternativa e acabam ficando sem nenhum direito trabalhista. Lembremos que esse mesmo presidente era deputado federal e votou a favor da reforma trabalhista, que ao invés de dar mais empregos como o prometido, só trouxe mais desemprego e retirou direitos dos/as trabalhadores/as e criou vínculos empregatícios mais precários. Além disso, logo que assumiu a presidência, ele acabou com o Ministério do Trabalho e aprovou a reforma da previdência que acabou com a aposentadoria.
Com o avanço da crise e a maioria da população não sabendo se irá conseguir fazer mais de uma refeição ao dia, as situações de trabalho escravo tendem a aumentar, pois o fascismo sobe ao poder justamente para permitir que os ricos recuperem o prejuízo da crise em cima da superexploração da classe trabalhadora e dos pobres.
Por isso, é necessária a união dos milhões de explorados e exploradas deste país para fazer uma verdadeira revolta popular e acabar com este sistema de fome, de miséria e de trabalho escravo.
*Militante da UJR em Passo Fundo/RS