O feminismo marxista é a única linha que contempla as mães, as estudantes e as trabalhadoras de todo o mundo.
Isabela Catarina
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SÃO PAULO – Entender o início do movimento feminista no mundo é extremamente necessário para entendermos o motivo de enfrentarmos a conjuntura atual. Este teve seu início em meados do século XIX e seu propósito era a luta contra o patriarcado e a busca de direitos iguais aos dos homens.
É evidente que a crescente exploração do povo pobre e, principalmente da mulher, que é proporcional ao avanço do capitalismo culminaria na ascensão exponencial dessas reivindicações e numa explosão de movimentos que buscam a melhoria imediata da vida das mulheres.
Diante da força que esse movimento representava, os capitalistas – que possuem as riquezas nessa sociedade – logo decidiram moldar essas reivindicações, esvaziá-las e tirar proveito delas. Não é de hoje que esse sistema utiliza de pautas “identitárias” a seu favor: isso acontece dentro dos movimentos de mulheres, movimentos negros e até mesmo nos LGBTIA+.
A ideologia burguesa é fincada no seio de pautas essenciais principalmente pela propaganda e as reduzem a um simples “mulheres no topo” ou “girl power”, ignorando o fato de que para existir um topo obrigatoriamente existe uma base, que segue sendo explorada e massacrada por aqueles e aquelas que estão no poder.
A partir dessa problemática surge a pergunta: qual é o papel das comunistas dentro do movimento de mulheres? Nós enquanto marxista-leninistas devemos denunciar a falácia que é o feminismo liberal, esse feminismo reduzido ao enriquecimento e à liberdade individual, pois esta linha feminista representa a morte e a infinita exploração das mulheres pretas, trans e periféricas.
Não existe a possibilidade de avançarmos na construção de uma sociedade nova se não existir a profunda luta contra a ideologia burguesa dentro do movimento feminista.
É por isso que o único feminismo possível para a classe trabalhadora é o feminismo classista e marxista, pois este é o único que tem como propósito lutar contra essa sociedade que explora nossos corpos, que nos vê como escravas domésticas e sexuais. O feminismo marxista é a única linha que contempla as mães, as estudantes e as trabalhadoras de todo o mundo.
Contudo, a luta contra o feminismo liberal não é uma luta fácil. A burguesia possui os meios de produção e os de comunicação também e é por isso que logo se associou o termo “feminismo” ao discurso racista, transfóbico, higienista e politicamente vazio, pois só assim esse movimento contemplaria e se encaixaria nos moldes da classe dominante.
Como dito anteriormente, usar pautas importantes a seu favor é uma especialidade da burguesia: vocês acham que a Luiza Trajano, uma das mulheres mais ricas do Brasil, deixaria de se dizer feminista quando isso lhe dá mais credibilidade? Evidentemente não. Para os ricos é melhor esvaziar uma luta do que perdê-la.
O papel das comunistas é construir um movimento de mulheres realmente combativo, que não exclua nenhuma mulher a não ser nossas opressoras e combater arduamente todo tipo de peleguismo. É nosso papel histórico dar voz e esperança de vida para as mulheres que mais sofrem dentro desse sistema.
Um movimento de mulheres firme, que tenha como bússola o marxismo-leninismo, é o único que pode emancipar de fato o nosso povo e livrar as gerações futuras da exploração. Há de ser ressaltado também que a luta feminista marxista não deve ser feita contra os homens trabalhadores: preferimos nos aliar a estes do que às milionárias.
Todas aquelas que sentem em sua pele as contradições desse sistema, devem estar unidas para pôr fim a ele. Devemos mostrar para cada mulher no mundo que a luta pelos direitos das mulheres é obrigatoriamente uma luta contra o capital, e que as meninas e mulheres devem sim ocupar a luta política e tomar partido.
Um problema estrutural só se resolve destruindo a estrutura. A real emancipação da mulher só será alcançada pela revolução e qualquer discurso que busque suavizar isso é mentiroso e oportunista. Esse é o papel das comunistas dentro do movimento de mulheres.