Profissionais residentes de várias áreas entraram em greve no mês de abril em Campinas reivindicando pagamentos das bolsas que estão atrasadas, além de exigirem o auxílio transporte e alimentação. A paralisação também conta com apoio do movimento estudantil da região.
Redação Campinas
CAMPINAS (SP) – No último dia 13, os residentes se reuniram em Assembleia virtual para debater o atraso no pagamento das bolsas por parte do Ministério da Saúde e deliberaram a greve por tempo indeterminado, até o pagamento completo das bolsas.
Os residentes multiprofissionais são profissionais da área da saúde, já graduados, que entram no programa para formação em nível de pós-graduação, especialização. São profissionais enfermeiras(os), terapeutas ocupacionais, nutricionistas, fonoaudiólogas(os), psicólogas(os), fisioterapeutas, professoras(es) de educação física, assistentes sociais, dentistas e farmacêuticas(os), que atuam na atenção básica à saúde, nos centros de saúde.
As reivindicações que justificaram a greve é o atraso no pagamento das bolsas vindas no Ministério da Saúde, o fim dos atrasos nos pagamentos, a reivindicação por um dia fixo desse recebimento, a existência do auxílio transporte e auxílio alimentação (no caso desta residência específica) e a garantia de não reposição dos dias de greve. O Fórum Nacional de Residentes em Saúde (FNRS), coletivo responsável pelo movimento estudantil dos residentes, também está apoiando as greves locais, e tirou coletivamente uma greve nacional a partir do dia 14/04, culminando num ato nacional no dia 19/04.
Gabriela Garcia, residente em serviço social fala sobre a importância da greve: “a gente vê como um instrumento muito importante de mobilização social, pra que a sociedade também fique sabendo das condições de trabalho dos profissionais de saúde […] a gente trabalha 60 horas semanais e não tem direito nem ao vale transporte e nem ao vale alimentação e ainda pra dificultar estamos com a bolsa atrasada, que é nossa renda. Enfim, a gente trabalha pra fortalecer o SUS, pra lutar por ele, pra que o serviço público seja de qualidade”.
Os residentes fazem jornadas extenuantes de 12h diárias que incluem atividades no campo e em aulas, o vale alimentação e transporte não são regulamentados nacionalmente (ficando à critério de cada programa, localmente), são tratados frequentemente como mão de obra barata dentro dos locais de atuação, sofrem com os desvios de função nos centros de saúde e com a falta de estrutura de centros de saúde, falta de salas e equipamentos, que influenciam diretamente no direito à saúde dos usuários do SUS.
O Governo federal mostra seu descaso com a saúde mais uma vez, pois no ano passado, nacionalmente os residentes realizaram uma greve de vários dias, reivindicando justamente o pagamento da bolsa, também atrasada, e mais uma vez isso se repete. O governo de Bolsonaro e seus aliados grandes empresários, militares e milicianos tenta a todo custo acabar com o povo trabalhador do país, o negacionismo destes é responsável pelo assassinato de centenas de milhares de pessoas durante a pandemia, o desemprego atinge mais de 12 milhões de pessoas, a miséria cresce a cada dia, o custo de vida impede o povo de viver.
Regionalmente também não é diferente, o Governo Dário (Republicanos), implementa no SUS a política de Bolsonaro e Dória, de precarização, privatização e terceirização de um dos sistemas de saúde mais importantes do mundo. Fazem questão de desvalorizar os servidores públicos, os profissionais da saúde e todos aqueles que lutam para garantir a vida em primeiro lugar.
A greve é um exercício democrático e necessário para os trabalhadores garantirem seus direitos, denunciar o capitalismo e mostrar que somente com luta, organização e coletividade a vida muda.