DCE Mário Prata e as entidades sindicais, como o SintUFRJ (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da UFRJ) e a ATTUFRJ (Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ) realizaram uma campanha de mobilização com o objetivo de denunciar que, com os autoritários cortes na educação realizados pelo governo Bolsonaro, os primeiros a serem afetados são os estudantes de baixa renda e as categorias mais precarizadas de serviços.
Andrei Rodrigues | Rio de Janeiro
TRABALHADOR UNIDO – Na UFRJ, a terceirização é um fenômeno extremamente comum. Desde os funcionários da segurança, aos trabalhadores que servem a comida do bandejão até os que realizam a faxina dos campi, todos estão sujeitos ao cenário de precarização da terceirização. Os trabalhadores terceirizados da UFRJ, além de não terem garantidos os direitos às férias remuneradas, à greve e aos planos de saúde/odontológicos, estão sujeitos também aos mandos e desmandos das empresas contratantes que, na UFRJ, constantemente deixam de pagar os salários.
Após tanto desaforo por parte dos patrões e de tantos meses consecutivos de atraso no pagamento dos salários, os trabalhadores de diversos campi da universidade realizaram uma série de mobilizações em defesa dos seus direitos e com a palavra de ordem de que “Terceirizado não é escravo”.
O pontapé inicial do movimento foi dado no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), onde, a partir de diálogos com o movimento estudantil, a empresa NutriEnergy, que é responsável pelos terceirizados do bandejão, foi exposta como uma firma que não paga os salários.
“É uma situação absurda. A indignação entre os trabalhadores era tamanha e o cenário era tão grave que imediatamente após nossas conversações, o corpo acadêmico como um todo quase que unânime, incluindo coletivos do prédio e Centros Acadêmicos, aprovou em assembleia a paralisação imediata das atividades do bandejão naquela noite do dia 13/12”, afirmou Pedro Henrique Barbosa, militante do Movimento Correnteza e diretor do Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFRJ.
Estudante junto com trabalhador
Para além disso, foi decidido, também, que a comunidade acadêmica deveria realizar três dias consecutivos de piquete e paralisação total dos serviços do campus entre 14/12 e 16/12 a fim de garantir que não só os funcionários do bandejão como também os funcionários da limpeza não tivessem que trabalhar como escravos sem pagamento.
A partir disso, as mobilizações se espalharam por muitos lugares da UFRJ e, em conjunto com o DCE Mário Prata e as entidades sindicais, como o SintUFRJ (Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Educação da UFRJ) e a ATTUFRJ (Associação dos Trabalhadores Terceirizados da UFRJ), uma campanha de mobilização foi organizada com o objetivo de denunciar que, com os autoritários cortes na educação realizados pelo governo Bolsonaro, os primeiros a serem afetados são os estudantes de baixa renda e as categorias mais precarizadas de serviços.
Assim, o dia 15/12 contou com um grande ato realizado no Fundão pela manhã, onde diversos trabalhadores puderam manifestar a sua indignação e terminou com uma caminhada no centro do Rio na parte da tarde em direção ao Ministério Público Federal a fim de reivindicar a recomposição orçamentária na UFRJ.
Agora, graças à luta aguerrida do movimento estudantil, a devolução de mais de R$2 bilhões para as Universidades Federais, coloca em perspectiva provável o pagamento tanto das bolsas acadêmicas quanto dos salários de todos os terceirizados. Mas, enquanto isso não ocorre, todos os aliados do movimento de luta dos trabalhadores terceirizados mantém os olhos bem abertos para futuros desenrolares e saúda o fortalecimento das associações de trabalhadores e demais sindicatos que constroem as condições possíveis para a emancipação da classe trabalhadora.