Projeto proposto pelo deputado Rodrigo Amorim (PTB) é vetado na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ). Resolução 932/2021 visava premiar com o prêmio “Construtor da Paz” o DOI-CODI/RJ, centro de repressão e torturas dos militares durante a Ditadura Militar Fascista.
Igor Barradas | Redação RJ
BRASIL – Nesta quarta (1), esteve em votação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) o projeto de Resolução 932/2021. Este projeto visava conceder o prêmio “Construtor da Paz” ao 1º Batalhão de Polícia do Exército, onde foi instalado o DOI-Codi/RJ durante o período da Ditadura Militar Fascista.
Graças a oposição dos parlamentares de esquerda, o projeto foi retirado da pauta ao fazer um adendo à proposta. Dessa forma, saiu de votação.
Surgindo em 1970 sob o comando do Exército, o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) contava com unidades instaladas em todas as suas áreas de jurisdição. Cada uma era responsável por diversas capturas, detenções, inovações de redações, averiguações e interrogatórios de suspeitos.
O projeto de dar uma medalha a esse terrível local de terror foi idealizado pelo deputado de extrema-direita Rodrigo Amorim, o mesmo que quebrou covardemente a placa em homenagem à vereadora Marielle Franco em 2018.
Centro que seria homenageado como “Construtor da Paz” era espaço de torturas com pau-de-arara e choque elétrico
Realizado sob o pretexto de garantir a paz nacional, o Golpe Militar de 1964 impôs uma desumana ditadura da burguesia, completamente oposta à paz. Os militares torturam brutalmente opositores políticos, mulheres, crianças e pessoas que lutaram heroicamente contra esta ditadura que utilizava metódos de repressão tão cruéis quanto o regime nazista de Hitler.
A Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia, da qual mais de 150 entidades participam, manifestou seu repúdio ao Projeto de Resolução do deputado fascista que visa enaltecer esse período da história do país.
Em nota, a Coalização afirmou que o local homenageado era um espaço em que presos foram barbaramente torturados com agressões, pau-de-arara (método de tortura física destinada a causar fortes dores nas articulações e músculos, cabeça e traumas psicológicos) e choque elétrico: “A utilização do espaço para a prática de crimes contra a humanidade é largamente comprovada por centenas de testemunhos, não apenas de vítimas e familiares, mas também de agentes do Estado que reconhecem que o local teve essa funcionalidade durante a década de 1970. O Major do Corpo de Bombeiros Valter Jacarandá, por exemplo, em audiência pública realizada na própria ALERJ acerca do caso de Mario Alves, confirmou em depoimento à Comissão Estadual da Verdade que no local havia a prática de tortura, com o uso de instrumentos como o pau-de-arara e o choque elétrico.”, disseram.
De fato, a ditadura militar fascista foi um regime que buscava aumentar a exploração entre os trabalhadores, perseguir entidades estudantis, universidades, sindicatos e reprimir greves. É preciso que o conjunto da sociedade se una para barrar projetos como esse, que desrespeitam o povo brasileiro, assim como qualquer avanço do fascismo.