Famílias organizadas no MLB conquistam obras de urbanização em Belo Horizonte. Intervenções irão beneficiar mais de 1500 famílias com obras como pavimentação e coleta de lixo.
Redação MG
LUTA POPULAR – Após uma comissão com cerca de 50 famílias, juntas ao MLB, ocuparem a subsede da Prefeitura de Belo Horizonte na Regional Barreiro, no dia 22 de março, obras de urbanização foram iniciadas no Vale das Ocupações, beneficiando as famílias das Ocupações Eliana Silva, Paulo Freire, Nelson Mandela, Camilo Torres, Irmã Dorothy, Horta 1 e Horta 2, que já não aguentavam mais esperar pelas promessas feitas. São mais de 1.500 famílias vivendo sem coleta de lixo, em ruas esburacadas, com lugares onde nem ambulância consegue chegar.
Com a ocupação, uma comissão foi recebida pela Coordenadoria da Regional e foi exigido o cumprido do acordo feito em 2019, entre a Prefeitura e o Movimento, após os territórios serem reconhecidos como áreas de interesse social no Plano Diretor (o que também foi conquistado após intensa luta). O acordo prevê a pavimentação das ruas das sete ocupações, entrada de coleta de lixo e liberação para a entrada dos Correios. No mesmo dia 22, uma equipe da Prefeitura realizou uma primeira visita na Ocupação Eliana Silva, onde reforçaram que fariam uma pavimentação provisória nas principais ruas das ocupações até que a obra definitiva seja licitada.
No dia 27, as ruas de terras já amanheceram ocupadas por maquinários da prefeitura: tratores, retroescavadeiras e patrolas. As ocupações também receberam a visita técnica de vários setores da Prefeitura, como também de Marcela Silviano Brandão, arquiteta, urbanista e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que, ao longo dos últimos 10 anos, ajudou a fazer todo um planejamento urbanístico das ocupações, que hoje é a base para uma urbanização sustentável e em total diálogo com as comunidades.
A visita foi importante para que a Prefeitura visse de perto a real situação em que vivem essas famílias, buscando soluções para os problemas, como a falta de uma rede de esgoto. É necessária uma licença ambiental para que a companhia de saneamento possa fazer as obras que já estão, inclusive, orçadas e só precisam ser executadas. Enquanto isso, as famílias vivem ao lado do esgoto a céu aberto.
Porém, não só de problemas vivem os morados do Vale das Ocupações. Os técnicos também tiveram a oportunidade de ver o quanto já foi construído coletivamente. O projeto do Parque das Ocupações é um bom exemplo, onde o verde está integrado à construção das moradias, garantindo que as áreas de proteção ambiental sejam preservadas e cuidadas pelas próprias comunidades.
A luta não para por aqui. O ato do último dia 22 foi apenas o início de uma jornada de lutas pela urbanização, pois, além dessas demandas, existem outras, como a ligação de água e o fornecimento de energia elétrica, que ainda falta chegar em quatro das sete comunidades, o que já deveria estar acontecendo desde janeiro deste ano, como foi afirmado pela companhia de energia Cemig. Além disso, parte das comunidades ainda enfrenta ameaças de despejo, mesmo após tantos anos, como é o caso da Ocupação Paulo Freire.
Publicado na edição impressa nº268 do Jornal A Verdade.
Eu moro aqui desde o início da ocupação não foi fácil mas conseguimos várias coisas e ainda precisamos principalmente das ruas temos dificuldade em sair com pessoas idosas ou deficientes eu por exemplo tenho dois em casa quando passa mal é muito difícil sair e estou ansiosa pela essa mudança para ajudar na comoção da minha mãe e do meu irmão que são muito difícil de sair com eles