Telegram foi bloqueado no país nesta quarta (26/04), após não entregar dados sobre neonazistas à PF. Medida acontece dentro do inquérito que investiga o ataque às escolas de Aracruz (ES), ocorrido em 2022. Justiça também determinou multa de 1 milhão por dia que o aplicativo não cumprir a ordem judicial.
Felipe Annunziata | Redação Rio
BRASIL – Após várias intimações da Polícia Federal e da justiça, o Telegram foi suspenso no país, nesta quarta (26/04). A medida se dá por conta do aplicativo de mensagens não entregar à PF os dados completos dos grupos neonazistas que se organizam na rede e são suspeitas de serem mentoras dos ataques às escolas.
O Telegram é um aplicativo conhecido por conter milhares de grupos de nazistas, fascistas e organizações de extrema-direita. Isto porque o aplicativo conta com muito pouca moderação e é mais flexível que o Whatsapp no compartilhamento de conteúdo – não existe limite de pessoas por grupo, por exemplo.
A decisão da justiça desta quarta se dá no âmbito do inquérito que investiga o ataque a duas escolas de Aracruz (ES). O caso, ocorrido em 2022, deixou 4 mortos e 11 feridos e foi feito por um menor de idade que participava de grupos neonazistas no aplicativo de mensagens. A justiça capixaba também estabeleceu uma multa de 1 milhão de reais por dia que o Telegram descumpra a decisão judicial.
Big Techs não prestam contas sobre organização de fascistas no meio virtual
Nas eleições de 2022, alguns especialistas apontaram que as fake news de Bolsonaro tinham origem no Telegram e de lá partiriam para as outras redes sociais. Foi a partir de grupos no Telegram que se formaram também os acampamentos golpistas e se organizou a tentativa de golpe de estado de 8 de janeiro.
A decisão de bloquear o aplicativo deve servir também de um sinal as chamadas Big Techs, as grandes empresas de tecnologia. Estas companhias costumam se recusar a entregar dados dos grupos de extrema-direita às autoridades. Isto porque elas lucram bilhões com impulsionamento e propaganda de conteúdos fascistas e neonazistas.
Ou seja, em nome do lucro as empresas que controlam as redes sociais tentam impedir qualquer tipo de controle por parte da sociedade e do Estado. É preciso estabelecer um controle social e um regulamentação das redes sociais. Os bilionários donos dessas empresas precisam prestar contas sobre os grupos de fascistas que se organizam nesses espaços virtuais.