Zona Norte da capital do Rio Grande do Norte é uma das zonas mais populosas da cidade e sofre muito com o descaso do Estado.
Julio Lira e Ayo* | Natal
LUTA POPULAR – No Brasil, estudos apontam que o déficit habitacional gira em torno de 5 milhões de moradias. São famílias que não possuem casa própria, ou em situação de risco. Na zona norte da cidade de Natal-RN, não é diferente.
Moradia é um direito negado ao povo desde que foi imposta a lei de terras de 1850 (Lei N°601), de lá pra cá nunca houve reforma urbana em nosso país, e os dados do déficit habitacional só tem tendência a aumentar.
Nas periferias de nosso país, muitas famílias se submetem a aluguéis que muitas vezes consomem mais da metade de um salário mínimo.
A zona norte é composta pela maior parte da população de Natal, e uma das regiões menos assistidas pelo poder público. Dados de 2017 indicam que a região possui mais de 300.000 habitantes, porém é isolada do resto da cidade, possuindo apenas duas pontes em conexão às outras zonas da cidade. Por ser a zona mais populada da cidade, as pontes que a liga ao resto da cidade estão sempre congestionadas com muito trânsito.
Num país onde 33 milhões de brasileiros passam fome, a periferia de Natal não é diferente, como relata Micherlane:
“A comida é contada […] Agora que o gás acabou, estamos cozinhando a carvão aí já é outra dificuldade porque todo dia temos que sair pra arrumar a comida e agora o carvão”, Micherlane, moradora de uma vila e paga R$ 350 de aluguel, vive com os 7 filhos e o marido.
Tendo como única fonte de renda o Bolsa Família e as doações que pede pela comunidade, fala do abandono por parte das autoridades.
“Recebemos apenas o auxílio, um pacote de fraldas é R$35, ainda tem os alimentos, o aluguel. Um dos meus filhos nem ao Cmei consegue uma vaga”
Poucas ruas da casa de Micherlane, mora Maria Eunice, que fala a dificuldade que já passou ao morar de aluguel:
“Eu paguei 18 anos de aluguel, hoje que tenho isso aqui porque já foi uma posse, quem me deu foi meu cunhado […] Já passei por despejo do cara pedir a casa e eu cheia de menino!”
O Movimento de Luta nos Bairros, vilas e favelas, constrói um núcleo que debate as dificuldades e planeja novas lutas para superar os desafios que as famílias pobres da Zona Norte estão submetidas. O déficit habitacional é sinônimo de fome, portanto é preciso lutar por uma profunda e popular reforma urbana!
*militantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas.