Neste Canto do Mundo: filme aborda as consequências do bombardeio de Hiroshima e Nagasaki

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O filme de animação apresenta um dos episódios mais tenebrosos da humanidade: os ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki. Ao explorar essa parte da narrativa, o filme provoca uma busca que instiga uma análise mais profunda da natureza humana e das consequências devastadoras que o sistema capitalista pode proporcionar.

João Pedro Souza | Recife – PE


CULTURA – O filme de animação “Neste Canto do Mundo” (2016), dirigido por Sunao Katabuchi, se apresenta como uma obra de arte profunda que transcende o mero entretenimento cinematográfico. Este filme é uma jornada emocionalmente carregada pela história de uma jovem mulher chamada Suzu Urano, durante um dos períodos mais tenebrosos da humanidade que foi a Segunda Guerra Mundial. Ao explorar as profundezas da experiência humana no contexto da guerra, o filme lança luz sobre aspectos da resistência, da resiliência e da esperança que podem surgir mesmo nas circunstâncias mais adversas.

A narrativa acompanha os eventos da vida de Suzu, desde o ano de 1933, quando era uma criança, até o desfecho em 1945, coincidindo com o término da Segunda Guerra Mundial, após os trágicos acontecimentos das bombas atômicas em Hiroshima e Nagasaki. A maior parte do filme se desenrola nos anos de 1944 e 1945, na qual a jovem Suzu se casa, constitui uma família e se muda para Kure, que é uma cidade de caráter militar japonesa, localizada próxima a cidade de Hiroshima.

Enquanto testemunhamos a adaptação de Suzu à sua nova realidade de vida e sua coragem para enfrentar as adversidades bélicas, somos imersos em uma mistura dos mais variados sentimentos de Suzu Urano. O diretor Katabuchi demonstra sua habilidade cautelosa e empática ao retratar a rotina de Suzu, capturando tanto a alegria efervescente da juventude como as provações desafiadoras da guerra, na medida em que a conflituosa natureza da guerra se faz presente nas várias cenas do filme, afetando a localidade de Kure por meio de violentos ataques aéreos com o propósito de aniquilar a frota naval japonesa, incluindo navios e porta-aviões.

O filme de animação apresenta um dos episódios mais tenebrosos da humanidade: os ataques atômicos a Hiroshima e Nagasaki. Ao explorar essa parte da narrativa, o filme provoca uma busca que instiga uma análise mais profunda da natureza humana e das consequências devastadoras que o sistema capitalista pode proporcionar.

Cartaz de lançamento nos cinemas. Foto: Reprodução

A tragédia em Hiroshima e Nagasaki e a mensagem do filme

Os acontecimentos históricos que envolveram os bombardeios de Hiroshima e Nagasaki, entre os dias 6 e 9 de agosto de 1945, deixaram uma marca indescritível na história, destruindo a vida de mais de 40 mil pessoas. Os Estados Unidos, ao tomar a decisão de empregar armas nucleares, tinham em mente o panorama geopolítico que se seguiria no pós-guerra.

O avanço da União Soviética como uma potência global e a influência do modelo social e econômico de caráter socialista na Europa Oriental criaram uma atmosfera de tensão. Consequentemente, as ações dos Estados Unidos não foram apenas voltadas para o Japão, mas também transmitiram uma mensagem clara de poder de destruição que o imperialismo norte-americano era capaz de proporcionar, acreditando em uma suposição da população mundial de domínio exclusivo do ocidente.

As consequências humanas da catástrofe nuclear proporcionadas pelo imperialismo norte-americano foram profundas e marcantes. A perda de vidas imediata e o sofrimento prolongado decorrente das radiações são testemunhos do impacto devastador desse evento.

A abordagem clara referente ao lançamento das bombas atômicas se revela como uma inevitável discussão quando entramos na intenção da obra cinematográfica. A narrativa desse filme, embora enfoque principalmente na perspectiva da jovem Suzu, habilmente permite ao público compreender a profundidade do impacto humano gerado pela guerra e pela violência indiscriminada.

A propósito, o filme procura transmitir uma mensagem sobre os horrores da guerra, porém adota uma abordagem mais amena e reflexiva. Isso difere, por exemplo, do enfoque adotado na obra do “Túmulo dos Vagalumes“, dirigido por Isao Nakahata, que buscou proporcionar uma visão mais aprofundada acerca da crueldade da guerra na vida das pessoas. Todavia, ambos os filmes conseguem apresentar o temor inerente à vivência em um cenário de guerra e terror.

O diretor Katabuchi consegue construir uma narrativa visualmente rica, enfocando não apenas as dificuldades da guerra, mas também os momentos de alegria e esperança da jovem Suzu. A autenticidade é um ponto forte da obra, à medida que as nuances culturais e históricas são cuidadosamente representadas, como o fato do império do Japão ruir na medida em que várias outras nacionalidades celebram o resgate de seus países, como por exemplo, o caso da Coréia.

Cena do filme de animação “Neste Canto do Mundo” . Foto: Reprodução

Ao abordar a guerra através da vida de Suzu e de sua família, o filme evoca empatia e conexão emocional, proporcionando uma experiência comovente e informativa, convidando o público a refletir sobre as complexidades humanas durante tempos de crise. Através de sua narrativa única, o filme nos lembra das vidas individuais afetadas pelos conflitos globais e das histórias que muitas vezes passam despercebidas.

Diante desse panorama, Sunao Katabuchi convoca-nos a refletir sobre os horrores da guerra e a nossa responsabilidade coletiva em assegurar que tais tragédias não encontrem espaço para repetições futuras. A mensagem latente surge com clareza: é decisivo assimilarmos os equívocos cometidos no passado e lutarmos pela edificação de um modelo de sociedade onde prevaleça o diálogo, a compreensão e a paz mundial, em detrimento da violência desenfreada. E, nisso, conquistamos com o advento de uma nova sociedade em que as pessoas vivam fraternalmente e construam coletivamente um mundo novo, a chamada sociedade socialista.

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