Em Pernambuco, todas as Universidades Públicas estão com problemas para regular o calendário acadêmico. Na UFPE e UPE, por exemplo, o período 2023.2 começa em outubro de 2023. Na UFRPE, 2023.1 apenas teve início na primeira semana de outubro. E na UNIVASF, foi aprovada a supressão do período letivo de 2024.2 sem consulta à comunidade universitária.
Hilsten de Barros e Jesse Lisboa | Recife-PE
EDUCAÇÃO – Além de todo o sucateamento e os cortes sofridos na Educação durante o Governo fascista de Bolsonaro e a pandemia da Covid-19, um problema que impactou e segue causando grandes transtornos no cotidiano dos estudantes foi o atraso nos calendários acadêmicos.
Em Pernambuco, por exemplo, todas as Universidades Públicas estão com problemas para regular o calendário acadêmico. Na UFPE e UPE, o período 2023.2 começa em outubro de 2023. Na UFRPE, a situação é pior, 2023.1 apenas teve início na primeira semana de outubro. Onde os calendários estão mais próximos do regular, são nas instituições que adotaram períodos mais curtos, tanto de aulas como de férias, como é o caso do IFPE.
Falta de transparência
Essa vem sendo a realidade da maior parte das universidades públicas no país, mas um caso em especial chamou a atenção. A Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), recentemente decidiu, durante as férias discentes, no CONUNI (Conselho Universitário, órgão máximo deliberativo da instituição) por suprimir o período letivo de 2024.2, afim de regularizar até 2025 o calendário da universidade.
Porém, foi uma decisão tomada sem debate prévio com a comunidade acadêmica, ou seja, sem levar em consideração os impactos que podem surgir e também sem esclarecer aos estudantes sobre como será implementado. Diversas dúvidas ficaram no ar: Como vão ficar os estudantes dos cursos que teriam entrada em 2024.2? Como os estudantes que se formariam em 2024.2 vão concluir o curso? Vão haver disciplinas extras para suprir essas necessidades? O sentimento geral dos estudantes é de incerteza.
Preocupação entre os estudantes
Para Alysson Monteiro, presidente do DCE da Univasf, “o cancelamento surpresa do calendário acadêmico na Univasf, durante o período de férias, pegou todos os estudantes de surpresa. Essa decisão foi tomada sem a devida transparência, o que é extremamente prejudicial, uma vez que muitos estudantes não tiveram a oportunidade de expressar suas opiniões a respeito desse assunto tão importante.
Essa repentina mudança afeta significativamente todos os alunos, já que muitos deles agora terão que adiar a conclusão de seus cursos. Além disso, os estudantes que estão buscando ingressar nos cursos oferecidos pela Univasf também correm o risco de encontrar dificuldades, pois o cancelamento do calendário pode impactar a disponibilidade de vagas em diversos cursos da instituição.”
Um dos impactos dessa medida, que também pode ocorrer, é a perda de orçamento, visto que seria um semestre a menos de investimentos na Universidade, como disse Jéssica Nathalia, presidente da UEP: “O colegiado de enfermagem disse que não teria uma nova entrada em 2024 para novas turmas e isso implica na diminuição do número de alunos, que, por sua vez, implica na diminuição de orçamento para a Universidade, porque ela recebe o orçamento de acordo com o número de estudantes matriculados”.
Na UFRPE, das federais, a que está mais atrasada com o calendário acadêmico, há rumores que uma medida parecida com essa seja implementada. Cassiano Bezerra, diretor da UNE e estudante da rural, conta que “na verdade é uma incerteza, pois não foi dito se isso afeta a periodicidade das bolsas, auxílios, etc. O reitor avisou que iria alterar o calendário há 1 ano, mas explicou por cima e não falou sobre as bolsas, se vão durar menos, se vai ser igual, se afeta os editais. Então, tanto eu quanto os colegas ficamos praticamente perdidos”
Não podemos permitir que decisões como essas prejudiquem ainda mais o funcionamento das universidades, impedindo seu pleno funcionamento e precarizando as condições de ensino e permanência de milhares de alunos. É essencial que os estudantes tenham o direito de defender uma universidade pública e de qualidade, e enquanto as universidades não forem um ambiente democrático e inclusivo, nossa luta continuará.