Em Recife, ocorreu um ato de solidariedade à Palestina, denunciando a violência contínua pelo Estado de Israel. Diversos grupos, partidos e movimentos sociais se uniram para conscientizar e apoiar a causa palestina. A Aliança Palestina Recife planeja continuar a conscientização e a mobilização pelo povo palestino.
Jesse Lisboa | Redação PE
BRASIL – No início da noite da quarta-feira (19), uma multidão se reuniu na capital pernambucana, em um ato de solidariedade à Palestina, em resposta ao recente conflito na Faixa de Gaza. Organizado pela Aliança Palestina Recife, o evento contou com a participação de diversos partidos políticos, movimentos sociais e pessoas comprometidas com a causa.
A concentração teve início por volta das 17h, quando centenas de pessoas se reuniram no Parque Treze de Maio, no centro da cidade. Portando faixas, cartazes e bandeiras palestinas, as diversas manifestações expressaram apoio ao povo palestino e clamaram por um fim à violência na região.
O ato, denominado “Ato em Solidariedade à Palestina”, foi marcado por discursos abertos e democráticos, destacando a importância da conscientização sobre a situação na Palestina. Rafael Freire, editor nacional do Jornal A Verdade, fez uma observação: “A grande mídia burguesa está chamando esses acontecimentos de ‘Guerra em Israel’. Nem é ‘guerra’ e nem é ‘Israel’, é um massacre, é uma ocupação contra um povo originário, de uma terra que se chama Palestina.”
“A própria ONU recentemente apresentou relatórios, colocando que naquele solo, no solo palestino, especificamente na Faixa de Gaza, existem riquezas estimadas em meio trilhão de dólares, de gás natural, petróleo, etc. Essa ação é por conta do capital, do acúmulo de lucro que a burguesia internacional quer fazer com que o povo palestino pague a conta.”
Às 18h, os manifestantes iniciaram uma caminhada pelas ruas de Recife, passando pela Ponte Princesa Isabel e em frente ao Teatro, antes de se dirigirem para a Praça do Diário. Dentre as diversas falas que ocorreram, o Jornal A Verdade entrevistou Angélica, organizadora da Aliança Palestina Recife, que planejou o ato:
A VERDADE – O que você esperava alcançar com o evento? Como funcionou a organização para compor o evento?
Angélica – “A nossa intenção é nos unirmos as vozes que estão ecoando em diversos países e denunciar os crimes contra a humanidade que Israel vem causando na Palestina há 75 anos. Como é de praxe, de dois em dois anos Israel comete genocídio na Faixa de Gaza, mas as pessoas precisam saber que isso ocorre diariamente em toda Palestina. Seja na própria Faixa de Gaza, evitando entrada de recursos e ajuda humanitária, como cortando seu abastecimento de água, envenenado os poços artesianos, cortando energía, mas também atacando diariamente a Cisjordânia, expulsando palestinos de suas casas, fazendo assentamentos para colonos, prendendo palestinos sem nenhum motivo, torturando e matando. Os crimes de Israel não são apenas nos períodos de bombardeios, são diários e isso precisa parar. Com os ataques constantes dos últimos dias, não tivemos muito tempo para organizar um ato maior. A urgência de denunciar isso para a sociedade civil é maior, apenas entramos em contato com alguns movimentos sociais e partidos políticos e eles rapidamente aderiram ao chamado.”
A VERDADE – Pode nos contar mais sobre a participação de diferentes grupos, partidos políticos e movimentos sociais no ato? Como a diversidade de apoio contribuiu para a mensagem que vocês desejavam transmitir?
Angélica – “Todos que foram convidados são partidos e movimentos sociais que trazem em sua essência muitas das necessidades similares a situação da Palestina, claro que cada um dentro de seu contexto e sua realidade, seja o genocídio dos povos indígenas que temos aqui, a luta por moradia, o racismo constitucional, a perseguição de uma determinada raça, classe, opção religiosa, etc. Sendo assim, todos que foram convidados têm uma grande importância no contexto social brasileiro e são solidários à dor dos Palestinos, automaticamente as lutas se tornam interligadas e necessárias.”
A VERDADE – Quais são os próximos passos da Aliança Palestina Recife após o “Ato em Solidariedade à Palestina”? Como vocês planejam manter viva a conscientização e o apoio à causa palestina?
Angélica – “A Aliança Palestina-Recife nasceu em um momento similar a esse em 2014. Começamos fazendo um ato na Rua do Bom Jesus, depois disso não paramos mais. Fizemos jantares beneficentes para ajudar famílias em Gaza e também na Cisjordânia. Trouxemos autores de livros sobre a Palestina para o Recife, fizemos 3 dias de seminário na UFPE com muita informação sobre a causa, trouxemos na época o cartunista Carlos Latuff para debater com um professor sionista da própria Federal, trouxemos o diretor palestino do documentário Cinco Câmeras Quebradas para o cinema da Fundação, fizemos um evento na câmara dos vereadores do Recife com o pessoal da Federação árabe Palestina, inauguramos uma praça no bairro de Boa Viagem com o nome da Palestina. No resumo, onde quer que possamos ir, nós vamos. É preciso fazer as pessoas saberem o que realmente acontece na Palestina. A mídia ocidental mente e desinforma a população, muitos acham que é uma guerra, que os palestinos são terroristas e que as vítimas são os judeus. Quando na verdade nada disso existe. O povo judeu não é protagonista nessa história. Somos contra a política sionista do Estado de Israel, que faz da Palestina o maior campo de concentração jamais visto, e que muitos judeus também são contra essa política. Precisamos dar espaço para que as pessoas vejam a realidade e que tomem suas decisões de apoio baseado nos fatos e não em mentiras. Estamos planejando um novo ato (ainda sem data), mas também faremos algo no dia 29 de novembro, que é o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino.”