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sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Estudantes de Salvador organizam a luta contra o aumento da tarifa nos ônibus

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Desde o anúncio do aumento da tarifa de Salvador para R$ 5,20 já foram realizados três atos pela revogação de mais uma medida da prefeitura de Bruno Reis (União) contra a classe trabalhadora soteropolitana. 

Danilo Boa Morte e Ícaro Vergne | Salvador 


LUTA POPULAR – No último dia 10 de outubro, a Prefeitura de Salvador anunciou o aumento da passagem de ônibus de R$4,90 para R$ 5,20. Mesmo com os ônibus sucateados, frotas reduzidas desde a pandemia e a extinção de várias linhas, a cidade conta com a maior tarifa entre as capitais nordestinas.

O anúncio do aumento da passagem foi feito três dias antes de sua aplicação, uma vez que logo na segunda-feira (13) a tarifa que sofreu aumento de 6% já passou a valer.  Entretanto, o prefeito Bruno Reis (União) não contava com a mobilização de centenas de estudantes, que no primeiro dia de aumento bloquearam a saída de ônibus da Estação da Lapa, maior terminal de transbordo do município. 

Samira Teixeira, coordenadora geral do DCE Nilda Cunha da UCSAL, afirma que “o ato foi muito importante para dar fôlego às manifestações de rua do movimento estudantil e para mostrar que a toda população a nossa indignação diária com a situação dos transportes coletivos em Salvador”. 

Primeiro ato realizado na segunda-feira (13) contou com a presença de centenas de estudantes (Foto: Isabella Tanajura / Jornal A Verdade).

Jornada de lutas pela diminuição da tarifa 

Além da manifestação na segunda-feira, houve no dia seguinte um ato com queima de pneus na Praça Castro Alves, coração do centro da cidade. Estudantes e militantes do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) convocaram toda a população para novas mobilizações com faixas divulgando a data do próximo ato pela redução da tarifa e pelo passe livre. A ação mostrou a necessidade de usar das formas de luta disponíveis para alcançar as reivindicações. 

O ato seguinte, realizado na última sexta-feira (17), contou com a participação de estudantes universitários e secundaristas que marcharam do Campo da Pólvora à Praça Municipal, onde fica a Câmara de Vereadores e a sede da Prefeitura, para dar um recado ao prefeito quanto ao aumento da tarifa. Com palavras de ordem, agitação e combatividade, o ato contra o aumento abusivo da passagem contou, inclusive, com um momento em que os estudantes travaram a principal avenida de comércio de Salvador, a Av. Sete, ao sentar no asfalto para ouvir as falas de entidades e personalidades políticas contra o aumento abusivo da passagem. 

“Salvador é a capital do desemprego. A juventude não está tendo acesso a dinheiro, a ter um salário mínimo, a ter direitos trabalhistas. Então é inviável para a juventude pagar R$ 5,20 numa passagem e o meio-passe não é suficiente para garantir o direito de ir e vir desses jovens” declarou Adilah Brito, diretora de Assistência Estudantil da União dos Estudantes da Bahia (UEB) pelo Movimento Correnteza. “Por isso é extremamente importante a luta do passe livre, luta essa que tá sendo construída aqui em Salvador e também no Rio Grande do Norte e é de extrema importância que os estudantes se somem a essa luta” completa Adilah em entrevista ao Jornal A Verdade. 

Estudantes ocuparam a Av. Sete no terceiro ato realizado na sexta-feira (Foto: Isabella Tanajura / Jornal A Verdade).

A passagem de ônibus mais cara do Nordeste 

Salvador vive uma grande contradição: ao mesmo tempo que houve o aumento da passagem, as empresas que operam o sistema de ônibus da cidade receberam um subsídio no valor de R$ 205 pela prefeitura de Bruno Reis. Este Projeto de Lei foi aprovado com unanimidade na Câmara Municipal de Salvador pelos 43 vereadores da capital baiana. Apesar do subsídio, a passagem continuará com o valor de R$ 5,20 e a qualidade do transporte permanece péssima, pois a frota atual de ônibus não é 100% climatizada com ar-condicionado, além de que a quantidade de veículos e linhas disponíveis está longe de atender a população.  

A realidade é que muitos estudantes não conseguem pagar pelo valor da tarifa e acessar as escolas e universidades para estudar está cada vez mais difícil. Mesmo que  o direito à transporte deva ser assegurado pelo Estado, é é comum ver estudantes diariamente se arriscando ao tentar “traseirar” os ônibus e muitas vezes ficam com membros presos na porta, além de sofrerem outras violências e humilhações.

Além de combatividade, os estudantes mostraram muita criatividade nos cartazes e artes produzidas contra o aumento aplicado pela prefeitura de Bruno Reis (Foto: Isabella Tanajura / Jornal A Verdade).

Essas situações desumanas passaram a ser corriqueiras para a juventude soteropolitana  e não podemos permitir que sejam naturalizadas. É preciso ir às ruas e intensificar a luta contra esse aumento da tarifa, inspirado na “Revolta do Buzu” que parou Salvador. Em 2003, estudantes promoveu bloqueio de avenidas da cidade com a pauta similar a de hoje. A revolta popular arrastou milhares às ruas na luta do passe livre estudantil, além de conquistar o congelamento da tarifa. É possível barrar esse aumento absurdo e construir uma grande mobilização para conquistar isenção de tarifa para os estudantes da cidade. Essa conquista já é uma realidade em várias outras partes do nosso país. 

Por isso, convocamos todos os estudantes de Salvador, secundaristas ou universitários, para se somar nessa luta e ocupar as ruas pela diminuição da tarifa de transporte e o Passe Livre Estudantil. Na próxima terça-feira (21) um novo ato está sendo convocado na Av. Vasco da Gama às 8h por movimentos e entidades estudantis.

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