Pedro Vieira | Belo Horizonte (MG)
Big Tech é o nome dado às principais empresas de tecnologia da informação ao redor do mundo. Elas dominam o ramo e detêm o monopólio do setor. Dentro desse grupo, destacam-se a Alphabet (Google), Amazon, Apple, Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) e Microsoft. Juntas elas formam o chamado “Big Five”, as cinco principais empresas do ramo.
Nos últimos anos, vimos o valor das ações desses monopólios crescer, seus donos acumularem grandes fortunas e ocuparem os noticiários como deuses dentro da lógica capitalista. Ao mesmo tempo, surgiram inúmeras denúncias de superexploração e condições desumanas de trabalho nas empresas desses mesmos capitalistas.
Em que pesem os lucros bilionários registrados pelas Big Techs, ao primeiro sinal de crise no setor, mais de 68 mil trabalhadores foram demitidos somente em janeiro, a maioria por e-mail.
Liderando a lista – com 18 mil demissões – está a Amazon, empresa de Jeff Bezos, o homem mais rico do planeta, com uma fortuna estimada em US$ 171 bilhões. Na sequência estão Google, com 12 mil demissões; Meta, com 11 mil; e Microsoft, 10 mil. Nos últimos meses, segundo sites que monitoram o setor, mais de 200 mil trabalhadores foram demitidos.
O cenário econômico justifica as demissões?
Buscando se isentar da responsabilidade das demissões em massa, os donos das Big Techs põem a culpa na alta dos juros nos EUA e na pandemia. Segundo eles, durante a pandemia houve um aumento significativo nas compras virtuais, visto que a população, impossibilitada de sair de casa, obtinha em aplicativos e sites a resposta para suas necessidades de consumo. Porém, com a flexibilização das medidas de isolamento social e a retomada gradual das atividades, veio também a diminuição dos serviços. Além disso, recentemente, o Banco Central dos EUA (FED) vem adotando uma política de aumento dos juros no país, justificado na necessidade de combater a alta da inflação, que já é a maior dos últimos 40 anos.
Para os donos das Big Techs, esse cenário justifica as demissões. Porém, apesar desses fatores, os números de compras online mostram outra realidade. Dados de 2022 revelaram que 27% da população mundial faz compras principalmente nas plataformas virtuais. Se considerarmos somente os EUA, as compras online cresceram 16% no ano passado, ultrapassando a marca de US$ 1 trilhão pela primeira vez na história.
Mesmo que o cenário econômico seja de recessão ou limitação do consumo via internet, uma coisa é certa: a fortuna desses grandes empresários segue na casa dos bilhões de dólares. Dessa forma, os trabalhadores, verdadeiros responsáveis pela construção das tecnologias comercializadas, são os principais prejudicados.
Lucros acima de tudo
Em 2022, as principais Big Techs registraram perda de US$ 1,8 trilhão no valor de suas ações negociadas mundialmente. Tudo isso porque houve uma diminuição na estimativa dos lucros apresentada pelas próprias empresas. Uma das medidas adotadas para tentar recuperar as margens de lucro projetadas foram as demissões em massa, embora não houvesse um mês sequer de prejuízo.
Considerando o terceiro trimestre de 2022, essas empresas registraram lucros bilionários. À frente da lista está a Amazon, com um lucro líquido de US$ 127 bilhões, seguida pela Apple (US$ 90 bilhões), Google (US$ 69 bilhões), Microsoft (US$ 50 bilhões) e Meta (US$ 27,7 bilhões).
Recentemente, os donos da Google passaram a fazer parte dos centibilionários, ou seja, um seleto grupo de pessoas com patrimônio acima dos US$ 100 bilhões. Apenas oito pessoas estão na lista, entre eles Jeff Bezos, Bill Gates e Elon Musk, donos da Amazon, Microsoft e Twitter, respectivamente.
Especialistas acreditam que novas ondas de demissões em massa são esperadas para o setor. Não poderia ser diferente, pois no capitalismo o lucro é sagrado para a burguesia e vale tudo para defendê-lo e ampliá-lo, inclusive tirar o ganha-pão de milhares de trabalhadores.
Matéria publicada na edição impressa nº 265 do Jornal A Verdade.