Tentativa do governo federal de fechar acordo com sindicato sem base e dividir a greve da rede federal de educação fracassou. Mobilização grevista continua forte em todo país.
Victor Davidovitch | Fortaleza
TRABALHADORES – No último dia 27 de Maio, o Governo Federal anunciou a assinatura de um suposto acordo entre o Governo Federal e os trabalhadores em greve da rede de educação federal – logo repercutido nas páginas oficiais e pela grande mídia. Entretanto, a verdade é que o acordo foi assinado apenas pelo PROIFES, um sindicato ligado ao próprio Governo, que representa apenas cerca de 10% das Universidades e não tem registro sindical.
A estratégia do Governo foi fingir que a greve, organizada de fato pelo ANDES, FASUBRA e SINASEFE acabou, quando, na verdade, assembleias de trabalhadores em todo país, na semana passada, rejeitaram a proposta do Governo e aprovaram a continuidade da greve. A Justiça Federal, por sua vez, deu razão as verdadeiras representações dos trabalhadores e suspendeu o acordo no último dia 29 de maio.
A medida do Governo está em completo desacordo com o que foi prometido na campanha eleitoral, quando a educação foi tratada como prioridade. Diante do grave sucateamento das Universidades e dos Institutos Federais e da altíssima inflação que corroeu os salários de técnicos e professores nos últimos anos, a resposta tem sido reajustes mínimos, tanto no orçamento, quanto na remuneração dos trabalhadores.
Em contrapartida, estão intactos os lucros e os interesses da burguesia, com a manutenção da Reforma Trabalhista e da Previdência, do pagamento de juros da Dívida Pública, etc. Ainda, outros setores do poder público (como os altos cargos do Judiciário e as polícias federais) receberam aumentos muito superiores.
Essa contradição e a tentativa do Governo de dividir os trabalhadores têm gerado grande insatisfação entre professores, técnicos e estudantes. As categorias da rede federal estiveram na linha de frente de enfrentamento ao fascismo durante os anos de governo Bolsonaro, sendo responsáveis por algumas das maiores mobilizações do período. Além disso, a maioria da comunidade acadêmica da rede federal de ensino apoiou a eleição de Lula, como forma de derrotar a política econômica de Bolsonaro e o avanço do fascismo e do autoritarismo, e, portanto, deseja uma postura radicalmente diferente em relação à educação pública.
Com esse cenário, o Governo diz que não apresentará novas propostas, mas trabalhadores da educação federal seguem em greve em todo país. A pressão continua nas universidades e institutos para que o governo ceda na posição de não dar reajuste aos servidores para guardar a verba para pagar os juros da dívida pública.