Estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) fazem ocupação na reitoria após corte do auxílio alimentação de 6 mil alunos. O fim dos direitos estudantis é fruto da política orçamentária do governador fascista Cláudio Castro (PL).
Igor Barradas | Redação RJ
EDUCAÇÃO – Na noite de sexta-feira (26), estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) ocuparam a reitoria da universidade, no campus Maracanã. A ocupação da reitoria da UERJ aconteceu após uma manifestação em denúncia de novas medidas que acabam com bolsas e auxílios dos estudantes.
A ocupação foi realizada devido a implementação do Ato Executivo de Decisão Administrativa (Aeda) Nº0038, chamado pelos estudantes pelo nome de “Aeda da Fome”. Dentre as mudanças apresentadas pela reitoria, há o fim do direito dos estudantes do campus Maracanã de terem o auxílio alimentação, sem dar gratuidade para alunos que recebem a Bolsa Auxílio a Vulnerabilidade Social (BAVs).
O Ato Executivo também limita o acesso a BAVs e auxílio transporte para alunos não cotistas de famílias que recebem até meio salário mínimo per capita, diminui também o auxílio maternidade a partir do segundo filho.
Os estudantes trabalhadores e de famílias pobres, maioria na UERJ, estão enfrentando muita dificuldade devido à falta de assistência estudantil. Com a Aeda Nº0038 há a alteração do auxílio do material didático de R$ 600, que antes era pago semestralmente e passará a ser pago anualmente. Passa a ser obrigatório que os estudantes apresentem comprovantes dos itens comprados com o dinheiro do auxílio.
Reitoria da UERJ reprime ocupação
Apesar de haver bandejão na UERJ Maracanã, o auxílio alimentação é uma garantia de permanência dos estudantes pobres dentro da Universidade. Além disso, o único bandejão que existe na UERJ não abre no final de semana e possui péssimos horários para quem estuda de forma integral.
Cortar este auxílio significa expulsar os estudantes da universidade, mais uma razão de evasão na UERJ. Com isso, os estudantes se uniram para derrubar a portaria.
Na noite de sexta-feira (26) os estudantes que lutavam pela revogação do “AEDA da Fome” foram abordados de maneira violenta pelo professor Carlos Eduardo Guerra. O professor estava acompanhado por policiais militares armados que tinham o objetivo de intimidar quem protestava.
Durante toda a abordagem, os estudantes foram ameaçados de processo jurídico e criminal, além da tentativa clara de intimidar e sabotar os estudantes em luta. Como também houve a proibição da entrada de pessoas, alimentos e remédios na ocupação.
“Nós entendemos a ocupação enquanto movimento legítimo diante desse AEDA que retira direitos fundamentais para a nossa permanência na universidade e, por isso, não vamos aceitar de forma alguma ser criminalizados e colocados como vândalos pela mídia burguesa e pela reitoria.” afirmou Mariola, estudante da UERJ e militante do Movimento Correnteza, que está construindo a ocupação da reitoria da UERJ desde o seu início. “Por isso, permanecemos ocupando e resistindo aos ataques e tentativas de intimidação que a reitoria tem feito ao longo desse processo”, conclui.
Na última assembleia estudantil foi aprovada uma comissão para abertura de uma mesa de negociação com a reitoria. Mas antes de qualquer negociação os estudantes exigiram que a reitoria assinasse um documento para que nenhum estudante seja criminalizado, e que haja livre acesso de entrada e saída de estudantes para apoio a ocupação.
Fascistas querem acabar com a UERJ
O governador reacionário Cláudio Castro, o mesmo que está sendo investigado por participar de um esquema de desvio de verbas de programas de assistência social para campanhas eleitorais, tem um objetivo claro de fechar as portas da UERJ.
Na periferia, a polícia de Claudio Castro cometeu, no ano de 2023, 30% de todas as mortes violentas no estado, dentre essas mortes, as de crianças de apenas 5 anos. A verdade é que há, em curso, um projeto anti-povo em curso no estado do Rio de Janeiro.
O Rio de Janeiro vive sob um regime de recuperação fiscal, uma política que impõe um teto de gastos, já que congela o limite de investimentos nas áreas sociais como a educação. No início deste ano, a UERJ pediu um orçamento de 4 bilhões para a Universidade. Mas o repasse que o estado deu foi de 1,7 bilhões, ou seja, 43% do necessário para manter a UERJ funcionando. E para 2025 a reitoria pediu menos orçamento que este ano, solicitando 3,5 bilhões.
Ao invés de investir na universidade estadual, o governo prefere atender os super ricos com prioridade. De fato, somente com um plano estadual de assistência estudantil como lei e com uma política orçamentária para o povo fluminense, os estudantes poderão entrar e permanecer na UERJ.