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quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

Ocupação Expedito Xavier conquista compromisso de casas após resistirem à repressão

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Nasce a ocupação Expedito Xavier, com mais de 80 famílias ocupando um prédio abandonado há sete anos em Brasília no dia 6 de novembro, lideradas pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), em busca de moradia e expondo a gravidade da crise habitacional e a força da organização popular.

Alexandre Ferreira | Brasília – DF


LUTA POPULAR – O Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) organizou sua primeira ocupação em Brasília. Foi no dia 06 de novembro, com mais de 80 famílias para garantir moradia para trabalhadores e trabalhadoras que não têm esse direito garantido. A Ocupação sofreu dura repressão do governador Ibaneis Rocha (MDB) e de sua vice, Celina Leão. A polícia fez um cerco de 24 horas, impedindo a entrada de água, comida e até fraldas para as crianças. O prédio ocupado estava abandonado há mais de sete anos.

“A Ocupação Expedito Xavier é formada por famílias de Sol Nascente, Ceilândia e Arapoangas, que vivem de favor ou escravos da especulação imobiliária. A Ocupação é uma ação pela sobrevivência contra a fome e por um teto”, afirma Ellica Aguiar, coordenadora do MLB.    

Mas toda essa repressão não desanimou as famílias e despertou importante solidariedade, com grande repercussão em todo Distrito Federal. Centenas de pessoas fizeram uma vigília do lado de fora do prédio e, com muita combatividade, resistiram. Também foi realizada uma coletiva de imprensa com as principais emissoras de televisão, jornais e sites repercutindo a luta das famílias e a intransigência do Governo. Durante a madrugada, a polícia, de forma covarde, prendeu e agrediu um apoiador da ocupação por tentar levar fraldas para o prédio ocupado e, logo após, jogou bomba nas pessoas que estavam na vigília, tentando intimidar e dispersar.

Apesar de tudo isso, a ocupação e a vigília resistiram e mantiveram a pressão por um caminho negociado que resolvesse a moradia das famílias. Foram realizadas duas reuniões. A primeira com o deputado distrital Wellington Luiz, presidente da Câmara Legislativa (CLDF), junto ao conselho de líderes dos partidos e com representantes do Governo do Distrito Federal. A segunda, com o presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (Cohab), na qual foi arrancado o compromisso de disponibilizar imóveis para as famílias da Ocupação Expedito Xavier.

“Toda essa luta deixou claro que o único caminho para as famílias pobres é lutar. E que, para ter êxito, essa luta precisa ser organizada, como é o exemplo do MLB”, ressaltou Hanna Skarlety, coordenadora da Ocupação.

Homenagem aos candangos

O MLB escolheu batizar a ocupação relembrando os candangos, trabalhadores que vieram de várias regiões do Brasil, especialmente do Nordeste, para construir Brasília. Entre eles estava Expedito Xavier Gomes, cearense que veio trabalhar na construção de Brasília. Porém, seu sonho de dar melhores condições para a esposa e os três filhos, que ficaram em Itu, Ceará, acabou em morte, humilhação e abandono.

Era por volta das 13h00 de uma terça-feira (03/04/1962), quando dois operários foram soterrados em um buraco de cinco metros de profundidade na construção da Universidade de Brasília (UnB). Expedito Xavier Gomes e Gildemar Marques Pereira, empregados da Construtora Martins de Almeida S/A (Comasa), não viram a inauguração realizada 18 dias após suas mortes. Darcy Ribeiro foi quem pediu uma homenagem: que aquele local se chamasse “Auditório Dois Candangos”. Ainda hoje, poucos conhecem sua história e de tantos outros mortos e expulsos das áreas centrais de Brasília.

A memória dos candangos é resgatada pelo MLB, que busca honrar e dar visibilidade aos trabalhadores anônimos que deram suas vidas pela capital do país.

Apoie a Ocupação doando qualquer quantia para o pix: [email protected].

Candangos vivem! Expedito Xavier Gomes, presente!

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